Cartas ao director

Está lá? É da guerra?

O saudoso Solnado há muitos anos atrás brindou-nos com a magistral comédia em que telefonava para o inimigo, perguntando a que horas começava a guerra. Anteontem, as grandes potências – EUA, França e Inglaterra – juntas levaram a cabo uma agressão à Síria, bombardeando alvos de supostos armazéns de armas químicas. Claro que Putin foi previamente avisado pelo inimigo sobre quando e onde teriam lugar os ataques, isto é, o dirigente russo teve tempo para avisar Assad da iminência do bombardeamento. (...) A ausência de vítimas mortais é esclarecedora... os alvos estavam desertos, todos calculavam ou sabiam onde iam cair os novos e lindos Tomahawk, numa inenarrável expressão do Presidente americano. Igualmente esclarecedoras são as imagens da população síria na capital condenando o ataque, agitando bandeiras e saudando o seu Presidente. E agora? Assad está prestes a ganhar a guerra, os russos estão de pedra e cal no território e os “rebeldes” em fuga desordenada. Quando cessarem de vez os combates, quem se vai sentar à mesa com Assad para se iniciarem as conversações para a penosa missão da reconstrução do país?

José Alberto Mesquita, Lisboa

A ponte prometida

Dois autarcas de dois municípios separados por um rio internacional vão atirar-se a construir mais uma ponte que os ligue e desentupa o trânsito que atravessa o rio Douro. Com arrojo eleitoral, vieram à praça dos holofotes e prometeram que a ponte ainda suspensa no projecto será erguida com muito ou pouco arco, só com dinheiros próprios dos munícipes de ambas as margens. Dos contribuintes. Porque estamos habituados (...), desconfiamos que a ponte projectada com rebeldia e independência, sem recurso ao Poder Central, que se chama Estado e povo, sofrerá uma interrupção quando estiver quase a unir as pontas, e ficará a meio, por falta de verba ou orçamento local que derrapou. E por tal imprevisto, os dois autarcas garbosos apelarão ao Governo uma ajudinha considerável, para que o projecto (...) não vá por água-abaixo. Aceite o fracasso, o povo será chamado a atravessar-se e a contribuir, mas a ter direito a estar presente na inauguração. De bem longe, acostado em ambas as margens, a ver os rabelos navegar, ornamentados!

Joaquim A. Moura, Penafiel

A esquerda e Lula da Silva

A verdadeira generosidade da esquerda brasileira não deveria consistir em defender Lula da Silva. Devia – a putativa esquerda – denunciá-lo por este corromper e estrafegar o dito socialismo que Lula, enquanto político e Presidente, não se cansou de alardear e propagandear. Assim como as esquerdas, quer no Brasil, quer por esse mundo fora, não hesitam (e bem) em denunciar as malfeitorias, delitos e corrupções de políticos de direita, do mesmo modo não deveriam hesitar em denunciar comportamentos abusivos, delituosos e corruptos que viessem (ou venham) a ocorrer na sua área ideológica. A esquerda que defende e apoia Lula da Silva não está enamorada deste político. Está enamorada de si mesma. Funciona como seita, como clã. Não é socialista, é onanista. (...)

António Cândido Miguéis, Vila Real

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