Continuidade do primeiro-ministro Abe é cada vez mais incerta

Acossado por escândalos, líder do executivo japonês cai a pique nas sondagens. Antigo detentor do cargo prevê demissão até Junho.

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Milhares de manifestantes pediram a demissão de Abe no passado sábado KIMIMASA MAYAMA / EPA

Shinzo Abe pode não durar muito no cargo de primeiro-ministro do Japão. É este o entendimento de um antecessor, Junichiro Koizumi, que vaticina mesmo um pedido de demissão antes de 20 de Junho – data do final da sessão parlamentar japonesa. As últimas sondagens atribuem a Abe baixíssimos índices de popularidade e colocam em risco a sua reeleição à frente dos destinos do Partido Liberal Democrático (LDP).

Em declarações à revista Aera, Koizumi defendeu que uma vitória de Abe nas eleições internas do LDP (em Setembro) pode prejudicar as aspirações do partido nas eleições no próximo ano para a câmara alta do Parlamento japonês, e por isso aponta o caminho da saída. 

“Ele [Abe] perdeu a confiança dos eleitores e qualquer coisa que diga soa sempre a desculpa”, declarou o homem que chefiou o Governo entre 2001 e 2006. Embora seja também um falcão na defesa, Koizumi distancia-se de Abe quanto à energia nuclear, defendendo o seu abandono total. Este é um tema divisivo no Japão, desde o acidente na central de Fukushima, em 2011.

Ainda a sofrer as consequências dos rumores sobre uma alegada facilitação na venda de terrenos do Estado com 85% de desconto a um indivíduo com ligações à sua mulher, Abe está novamente debaixo de fogo devido às suspeitas de que um funcionário de topo do ministério das Finanças assediou sexualmente jornalistas do sexo feminino.

Estes escândalos têm colocado o primeiro-ministro numa posição desconfortável. A sondagem publicada esta segunda-feira pela Nippon TV dá-lhe apenas 26,7% de apoio eleitoral – a percentagem mais baixa desde que assumiu o cargo, em 2012. “A situação está a tornar-se perigosa”, afirmou Koizumi.

Outra sondagem, da Kyodo News, indica o antigo ministro da Defesa Shigeru Ishiba como o grande favorito para substituir Abe. Tem 26,6% das preferências, seguido de Shinjiro Koizumi (filho de Junichiro Koizumi), com 25,2%. Shinzo Abe aparece em terceiro, com 18,3% das preferências.

No passado sábado, cerca de 50 mil pessoas juntaram-se em frente ao Parlamento a pedir a demissão do primeiro-ministro que em Outubro renovou a maioria na câmara baixa da assembleia japonesa.

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