Lula ainda lidera sondagens, mas os brasileiros já não acreditam que seja candidato

Michel Temer, que anunciou que pretende ser candidato em Outubro, reúne apenas 2% das intenções de voto.

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Antonio Lacerda/Lusa

O ex-Presidente Lula da Silva ainda lidera as sondagens sobre a intenção de voto dos brasileiros nas presidenciais de Outubro, com 31%. Mas a maioria dos eleitores ouvidos na sondagem do Datafolha publicada este domingo estão convencidos de que Lula, que se encontra preso, não disputará a presidência.

Sessenta e dois por cento dos inquiridos disseram acreditar que Lula está fora da disputa, quando há dois meses eram 43% os que acreditavam nessa possibilidade. Por isso, o instituto de estudos de opinião começou também a realizar inquéritos sobre cenários sem Lula.

No primeiro cenário (com o ex-Presidente), surge em segundo lugar o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro, com 15% das intenções de voto, seguido de Marina Silva, que foi ministra do Ambiente de Lula e pertence ao partido ecologista Rede, com 10%. O actual Presidente, Michel Temer, que anunciou que pretende ser candidato, reúne 2% das intenções de voto.

No cenário sem Lula, Bolsonaro sobe ligeiramente para os 17%, assim como Marina Silva (15%). O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB — Partido da Social Democracia Brasileira), aparece com entre 7% e 8%, e Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista) tem 9%.

Este novo cenário, que emergiu após a prisão do ex-Presidente, a 7 de Abril (dias antes da realização da sondagem), “não contribuiu para clarear ou alterar sobremaneira a disputa entre os demais pré-candidatos”, escreve no editorial deste domingo o jornal brasileiro Folha de São Paulo.

A única novidade, diz a análise da empresa de sondagens, é o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Recém-filiado no Partido Socialista Brasileiro, e sem ter ainda oficializado a sua pré-candidatura, já conta com 10% das intenções de voto.

“Bolsonaro parece por ora estagnado. Barbosa, um nome alheio ao universo político tradicional, atrai uma parcela relevante do eleitorado, mesmo sem ter feito campanha. Alckmin continua com dificuldades para se sobressair. Mesmo com base partidária minguante e intervenções rarefeitas no debate nacional, Marina se aproxima da liderança”, analisa a Folha de São Paulo.

Foi em Junho do ano passado que o juiz Sérgio Moro condenou Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais, num processo em que foi considerado culpado de receber um apartamento de luxo como suborno da Construtora OAS. Essa sentença foi confirmada e a pena ampliada para 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, um tribunal de segunda instância de Porto Alegre, em Janeiro. Este tribunal determinou a prisão imediata do antigo chefe de Estado depois que se esgotarem todos os recursos naquele tribunal.

Na sondagem, 54% dos inquiridos disseram aprovar esta prisão; 43% disseram que era injusta. Os dados apontam para uma descida do apoio ao ex-Presidente, que perdeu seis pontos percentuais — antes de ser preso estava com 31% das intenções de voto. Números muitos distantes da taxa de aprovação de 80% que tinha quando deixou a presidência, em Janeiro de 2011. 

Lula continua a ser o pré-candidato anunciado do Partido dos Trabalhadores. Para 28% dos entrevistados, Ciro Gomes deveria ser o candidato em torno do qual a esquerda brasileira se deveria unir num cenário em que Lula fica de fora da disputa — só 15% consideram que esse papel deve ser desempenhado pelo ex-presidente da câmara de São Paulo, Fernando Haddad.

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