Que oportunidades da sociedade de informação para a saúde em Portugal?

A sociedade está em constante mutação, pelo que a própria comunicação se deve adequar a essa mudança de forma a promover a sua evolução.

Nunca foi tão fácil aceder a informação dos mais variados temas e nunca foi tão fácil disseminar informação através de diversificados meios a uma velocidade incrível. Estas condições podem apresentar vantagens interessantes no que respeita à saúde, na medida em que, atualmente, é simples fazer chegar informação à população, de diferentes formas, adaptadas a cada faixa etária ou nível de escolaridade. Contudo, por outro lado, o mesmo facilitismo poderá promover a veiculação de informação pouco credível e que confunda a população. Veja-se o exemplo das redes sociais, que promovem a disseminação rápida de informação, podendo ser um bom aliado neste contexto, mas, em oposição, muitas vezes são usadas para transmitir mensagens descontextualizadas e sem fundamento científico, podendo destruir conceitos e recomendações fidedignas. Desta forma, as entidades ligadas à saúde têm um papel fundamental na divulgação de informação baseada em evidência científica e no desaconselhamento da consulta de informação técnica em meios de credibilidade duvidosa.

Os meios de comunicação social são, também, um bom suporte para a disseminação de informação em saúde à população e cada vez mais apostam neste tipo de modelo. Todavia, será fundamental que alicercem esta passagem de comunicação em parcerias com profissionais competentes na matéria discutida e, por sua vez, será imprescindível que estes profissionais baseiem a sua comunicação em evidência científica. A sinergia entre estes dois mundos representa uma oportunidade valiosa para a saúde em Portugal, desde que bem trabalhada, pois a responsabilidade na passagem de informação incoerente ou incorreta é enorme e com um impacto negativo considerável na população.

Uma das fontes de informação, se não a principal, para os profissionais de saúde são as revistas científicas, que favorecem o aumento do conhecimento na sua área do saber devido à partilha de informação no formato de artigo científico. Contudo, será de salientar que o acesso à maioria dos artigos publicados e a própria publicação de artigos envolve custos elevados, constituindo uma forte limitação deste processo. Já no que toca aos mecanismos de comunicação no contexto da saúde, este representa um dos que merece maior reflexão e mudança. Efetivamente, seria importante caminhar-se para uma era em que a partilha de conhecimento científico no formato de artigo científico fosse mais facilitada e democratizada. Salienta-se o trabalho das editoras que publicam e disponibilizam artigos científicos de forma totalmente gratuita, pois garantem um acesso mais equitativo à ciência. Vê-se, por isso, aqui, uma oportunidade de melhoria neste campo, pois seria desejável aumentar o número de editoras com estas premissas, sabendo-se de antemão, com base em estudos efetuados, que a informação publicada de forma liberalizada não tem menos qualidade em termos técnico-científicos comparativamente com outros meios pagos.

A sociedade está em constante mutação, pelo que a própria comunicação se deve adequar a essa mudança de forma a promover a sua evolução. Desta forma, todos devemos ser agentes desse fenómeno, mas de forma consciente, e, no que respeita aos nutricionistas, de forma consistente com aquilo que for a investigação científica mais recente. E isso requer investimento de tempo em pesquisa bibliográfica, em pesquisa de campo, em frequência de cursos de atualização profissional e de congressos e em partilha de conhecimento entre colegas. Neste contexto, afigura-se como muito profícuo o Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa de Nutrição (10 e 11 de maio, Centro de Congressos de Lisboa), que este ano dedica o tema central à “Nutrição na Sociedade de Informação”, de forma a promover o debate sobre as principais vantagens e desafios neste campo. Este evento contará ainda com a realização da 1.ª edição do Congresso Internacional de Nutrição e Alimentação, proposto pela mesma organização, iniciativa que incrementará a discussão sobre temas transversais nesta era da globalização da comunicação na área e promoverá o intercâmbio de ideias entre profissionais de diferentes geografias do planeta.

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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