Cafôfo em Lisboa para dar “murro na mesa”, PSD diz que é “número de circo”

Autarca do Funchal reúne-se com o primeiro-ministro com questões pendentes da região autónoma na agenda. O presidente do governo madeirense diz que encontro é “patético”

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Cafôfo é o candidato do PS-Madeira à liderança do governo regional Nuno Ferreira Santos

Não é a primeira vez. Em Março do ano passado, já em clima de pré-campanha para as autárquicas, a visita de António Costa à Madeira marcou a agenda política regional, por ter dividido os dois dias que esteve no arquipélago entre Paulo Cafôfo e o governo regional.

Agora, o relacionamento entre o primeiro-ministro e o independente que, desde 2013, lidera a Câmara do Funchal à frente de uma coligação liderada pelo PS e Bloco, volta a agitar a política regional.

Paulo Cafôfo reúne-se esta sexta-feira em São Bento para, segundo disse ao JM Madeira, dar um "murro na mesa" e tentar uma abordagem diferente às questões que têm sido faladas pelo executivo social-democrata de Miguel Albuquerque.

"Enquanto madeirense com responsabilidades acrescidas, por força da presidência da maior autarquia da Madeira, devo exercer uma acção política junto do primeiro-ministro para inverter este estado de coisas", justificou ao JM Madeira o autarca, que tem sido apontado como cabeça de lista do PS-Madeira às eleições regionais do próximo ano.

O "estado de coisas" de que Cafôfo fala, são dossiers que o governo madeirense tem estado a trabalhar com Lisboa, sem sucesso. A revisão do subsídio de mobilidade, que deveria ter sido feita já no início de 2016, a redução das taxas de juro que o Estado cobra à Madeira pelo empréstimo concedido em 2012, o financiamento do novo hospital do Funchal e o serviço prestado pela TAP são temas que o governo regional diz estarem a ser "bloqueados" em Lisboa, para influenciar as regionais de 2018 a favor do PS.

Argumentos repetidos esta quinta-feira por Albuquerque, à margem da visita a uma obra. "Este Governo nacional está a agir em função da agenda partidária eleitoral", acusou o presidente do executivo madeirense, definindo como "patético" e um "número de circo" o encontro entre Costa e Cafôfo.

"Como é que um presidente de câmara vai resolver problemas de âmbito regional? Isto é patético", disse aos jornalistas, subindo o tom das críticas. "Vamos ter, num exercício de cinismo e da hipocrisia habitual, um novo número de circo, com contorcionistas, malabaristas, engolidores de sapos e, possivelmente, palhaços."

Também o PSD, em comunicado, estranhou a agenda do encontro. "Quando um presidente de câmara, em part-time, anuncia ir "desentrincheirar" as situações bloqueadas em Lisboa pelo próprio Governo da República, depois das sucessivas diligências do governo regional e de sucessivas iniciativas parlamentares, algo de muito grave se passa no nosso país", escreveu o secretário-geral dos social-democratas madeirenses.

Cafôfo não isenta de responsabilidades o executivo de António Costa, pois tem a "obrigação" de entender as reivindicações da Madeira". Mas o autarca também não iliba o governo madeirense pelo agravar do contencioso autonómico. "O presidente do governo regional não pode continuar a entrincheirar-se, em vez de tentar resolver os problemas no terreno."

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