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Corpos hiper-realistas, para ver sem tocar

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À entrada, um aviso sério — e um pedaço de pele hiper-realista para todos os que sintam uma vontade incontrolável de tocar nas "pessoas". A partir daqui só estamos autorizados a ver os trabalhos tridimensionais que marcaram os últimos 50 anos da escultura hiper-realista, desde os americanos pioneiros, como George Segal, Duane Hanson e John DeAndrea, passando pelos maiores representantes internacionais do movimento (o espanhol Juan Muñoz, o italiano Maurizio Cattelan, a belga Berlinde de Bruyckere e os australianos Ron Mueck, Sam Jinks e Patricia Piccinini). Ver sem tocar. E pensar que aquelas "pessoas" são apenas réplicas humanas e que não vão, de repente, ganhar vida, abrir os olhos e mexer um músculo que seja.

 

Com 35 obras de 28 artistas, o Museu Kunsthal, em Roterdão, apresenta, pela primeira vez na Holanda, uma visão geral dos desenvolvimentos mundiais deste tipo de escultura nas últimas cinco décadas — já nos anos 60 e 70 estas representações da figura humana eram tão vivas e realistas quanto possível. Então, o desafio já era esse. Ficar frente a frente com estes trabalhos provoca reacções e, ao mesmo tempo, levanta questões sobre a manipulação e a identidade. Como nos vemos a nós mesmos e aos outros? No centro da exposição está A Girl (2006), peça de Ron Mueck, um bebé recém-nascido com cerca de cinco metros. À sua volta circulam os visitantes, curiosos, intrigados, atentos aos detalhes gigantescos e microscópicos. À sua volta, nascem, reproduzem-se, envelhecem e morrem os nossos semelhantes.

 

No dia 2 de Junho, e a propósito da exposição, o museu organiza mais uma Naked Tour (à semelhança do que aconteceu com a mostra do fotógrafo Robert Mapplethorpe), em que as pessoas são convidadas a visitarem sem roupa as obras expostas (as inscrições estão abertas). A exposição Hyperrealism: Sculpture está patente até ao dia 1 de Julho.

 

O P3 viajou a convite da Transavia.