Bispos chilenos acolhem com "fé e obediência" carta do Papa Francisco

Os 32 bispos chilenos que assinaram a mensagem afirmam a sua intenção de "ajudar a curar e reparar as feridas que ainda permanecem abertas" nos "corações" da vítimas de abusos sexuais por padres sul-americanos.

Foto
Francisco tornou pública a intenção de se encontrar com bispos chilenos envolvidos no encobrimento de um escândalo de abuso sexual Reuters/TONY GENTILE

Os bispos chilenos afirmaram esta sexta-feira que acolhem com "fé e obediência filial" a carta do Papa Francisco a convocá-los a Roma para analisar o suposto encobrimento do abuso sexual de que é acusado o bispo Juan Barros.

"Juntamente com o Papa, sentimos dor e vergonha porque, apesar das acções realizadas ao longo dos anos, não conseguimos curar as feridas dos abusos nos corações de muitas vítimas e continuamos a ser uma ferida aberta no coração da Igreja no Chile", disseram em comunicado os bispos da Conferência Episcopal Chilena.

Os 32 bispos chilenos divulgaram esta mensagem no final da assembleia plenária que ocorre anualmente, e desta vez foi marcada pela carta do Papa sobre o caso de Juan Barros, que participou na reunião. Os religiosos consideraram que a intervenção do pontífice neste assunto é "um caminho concreto para ajudar a curar e reparar as feridas que ainda permanecem abertas".

"Queremos cuidar dos erros que nos correspondem e corrigi-los, para que a Igreja seja, cada vez mais, um ambiente saudável e seguro para crianças e jovens", disseram.

Francisco, que defendeu Juan Barros em Janeiro, enviou uma carta aos bispos chilenos depois de receber o relatório do arcebispo maltês Charles J. Scicluna, que viajou ao Chile para assistir aos depoimentos das supostas vítimas dos abusos.

Depois de ler o relatório, que inclui 64 testemunhos, o Papa pediu "a colaboração e a assistência" do clero chileno "no discernimento das medidas que, a curto, médio e longo prazo, deveriam ser adoptadas para restabelecer a comunhão eclesial". Francisco convocou o clero chileno para ir a Roma e reconheceu os seus "graves erros de avaliação" no caso de Barros. 

Juan Barros, nomeado bispo em Março de 2015 pelo Papa Francisco, foi acusado no Chile de encobrir os casos de abuso sexual cometidos pelo influente Fernando Karadima quando era padre da igreja El Bosque, em Santiago.

Sugerir correcção
Comentar