Há um pénis de cinco andares a incomodar os moradores de um bairro em Estocolmo

Obra de Carolina Falkholt, pintada num prédio de habitação, gerou protestos e poderá ser removida em breve.

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Daniel Rocha

Um pénis em tons de azul ergue-se ao longo de cinco andares de um prédio em Estocolmo, a capital da Suécia. A obra Fuck  the  World é da artista sueca Carolina Falkholt, uma graffiter de 41 anos, e está a incomodar os moradores do bairro de Kungsholmen, no centro da cidade. Uma semana depois de o mural ter surgido, a empresa que administra o condomínio do bloco de habitação anunciou que a pintura vai ser apagada.

Desde 2008 que o condomínio permite que os artistas locais decorem os edifícios daquele complexo de habitação. As intervenções permanecem em exposição cerca de seis meses, mas desta vez os moradores não gostaram do resultado e querem a obra removida de imediato.

“A cultura e a arte são importantes no desenvolvimento de ambientes urbanos interessantes”, começa por reconhecer Camilla Klimt, responsável de marketing da Atrium Ljungberg, administradora do bloco habitacional. “Claro que nos preocupamos com a liberdade artística, mas, ao mesmo tempo, temos de respeitar a opinião dos vizinhos”, argumenta. E se alguns moradores consideraram a pintura uma “parte importante do debate à volta da sexualidade, corpo e género”, outras “receberam a pintura de uma forma menos positiva e consideraram-na ofensiva”.

Apesar de a decisão de apagar o trabalho de Carolina Falkholt estar tomada, o mural não vai desaparecer nos próximos dias. Sem apontar datas, a gestora do condomínio explica que a representação se irá manter durante mais algum tempo para que todas os interessados possam observar o trabalho.

Não é a primeira fez que Falkholt gera controvérsia com as suas intervenções. Já em Dezembro de 2017, a artista sueca pintou um pénis num prédio Manhattan, Nova Iorque — naquele caso, em tons de cor-de-rosa. Os moradores, que se depararam com a pintura na véspera de Natal, exigiram que a intervenção fosse eliminada. Desapareceu três dias depois. 

Pintadas com cores vibrantes e feitas para provocar uma discussão sobre a sexualidade e questões de género na sociedade, as intervenções da artista sueca têm protagonista recorrente os órgãos genitais femininos e masculinos. No seu Instagram, a artista partilha imagens dos seus trabalhos, que estão espalhados em várias cidades do mundo, bem como propostas mais ousadas, como a sugestão de uma vagina na fachada da Casa Branca. 

Consciente da controvérsia que gera além-fronteiras, a artista confessou a um jornal sueco que esperava que o projecto tivesse sido melhor recebido em Estocolmo, cidade de reputação progressista. E expressa esperança num volte-face em relação ao pénis azul: “Acho que vão permitir que continue aqui e vão compreender a mensagem e levar a discussão para o local onde ela deve acontecer”.

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