Japão identifica reserva "quase infinita" de terras raras

Descoberta pode pôr termo ao monopólio que a China detém na exploração e venda de elementos minerais fundamentais para as indústrias tecnológicas.

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Uma exploração de terras raras na China REUTERS/Stringer

Uma equipa de investigadores japoneses quantificou em 16 milhões de toneladas as terras raras presentes numa área localizada no fundo do Oceano Pacífico, o que poderá ser suficiente para abastecer o mercado mundial durante centenas de anos. Até agora, 97% das reservas mundiais destes elementos minerais fundamentais para a indústria de componentes electrónicos estavam nas mãos da China. 

O Japão poderá desta forma fornecer o mercado mundial de forma virtualmente infinita, de acordo com um estudo publicado na revista Nature esta quinta-feira. Aos valores de consumo actual, a reserva encontrada em 2013 e agora quantificada equivale a pelo menos 780 anos de consumo mundial de ítrio, 620 anos de európio, 420 anos de térbio e 730 anos de disprósio, minerais necessários o fabrico de baterias de carros eléctricos, turbinas eólicas, painéis solares ou telemóveis, entre outros produtos.

A área em causa tem mais de 2000 quilómetros quadrados e situa-se ao largo da ilha de Minamitorishima, a 1800 quilómetros de Tóquio. Foi identificada em 2013, mas só agora se conhece o seu potencial de exploração.

“A enorme quantidade de recursos e a eficácia do processamento mineral são fortes indicadores de que esta reserva de terras raras pode ser explorada num futuro próximo”, lê-se no estudo. Agora, um consórcio de empresas japonesas (algumas delas apoiadas pelo governo nipónico) e de investigadores planeia conduzir testes de viabilidade da exploração durante os próximos cinco anos, de acordo com o Wall  Street  Journal.

Em 2012, a China impôs restrições ao acesso a 17 minerais com propriedades químicas e electromagnéticas indispensáveis ao fabrico de produtos de alta-tecnologia. Estas restrições motivaram uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) por parte dos EUA, União Europeia e Japão, alguns dos principais afectados.

A quota de exportação chinesa está oficialmente fixada pela OMC, mas por vezes a China deixa de fornecer terras raras a certos países. Foi o que aconteceu em 2010 com o Japão. Motivada por medidas proteccionistas do governo chinês e por uma disputa diplomática com o Japão, os preços dos minerais aumentaram quase dez vezes para os japoneses, que foram forçados a importar de outras partes do mundo. Desde 2010 que procuram as suas próprias terras raras.

 

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