Irão: a droga entre as mulheres, preto no branco

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São mulheres toxicodependentes e vivem num abrigo municipal, em Teerão, a capital da República Islâmica do Irão. "O governo criou este abrigo para as mulheres sem-abrigo, para prevenir que elas deambulem pelas ruas e durmam nos bancos frios dos parques", pode ler-se na sinopse do projecto Grape Garden Alley da jovem fotógrafa iraniana Tahmineh Monzavi.

 

O dia-a-dia destas mulheres é marcado por uma luta contínua contra a adição e contra "outros tipos de tentação", refere a fotógrafa. "Senti-me tocada por aquela realidade, motivo por que decidi documentar todos os aspectos das vidas destas mulheres durante três anos." No abrigo, encontrou "todo o tipo de mulheres" e apercebeu-se que todas, sem excepção, "tinham já passado pelo inferno" na capital do Irão. "Apesar da tristeza que enfrentam diariamente, há mais cor nas suas roupas e nas suas vidas do que nas de mulheres normais", confessa. A escolha do preto e branco para o projecto pode parecer estranha, neste caso; "eu vejo o seu percurso a preto e branco, são elas as responsáveis por colorir a verdade nas suas vidas", justifica.

 

De acordo com o porta-voz da Organização para o Controlo de Estupefacientes, instituição de cariz governamental e baseada em Teerão, o consumo de estupefacientes no país aumentou para o dobro entre os anos de 2011 e 2017, sendo que é no consumo de opióides que esse crescimento se torna mais evidente — representa 67% do consumo total de drogas no país. Hoje, a organização regista cerca de 2,8 milhões de consumidores num país que tem, no total, cerca de 80 milhões. É um dos países com as taxas mais altas de consumo de drogas do mundo: estima-se que cerca de seis milhões de iranianos sejam afectados por problemas relacionados com a toxicodependência.