Israel pondera opções em caso de retaliação iraniana

Estado hebraico prepara-se para potencial retaliação vinda da Síria a um ataque americano.

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Posto de observação israelita nos Montes Golã, com vista para a Síria AMMAR AWAD/Reuters

Há um quase consenso entre analistas israelitas: a próxima guerra de Israel será com o movimento xiita libanês Hezbollah. Todos os anos, há sinais da possibilidade deste confronto, circunstâncias que o justificariam, factores que o precipitariam – apesar de nem o Hezbollah nem Israel se dizerem interessados numa guerra neste momento. Qualquer conflito seria, de acordo com todas as previsões, muito mais destruidor do que a guerra anterior, em 2006.

A anunciada operação dos Estados Unidos em resposta a um suspeito ataque químico na Síria, onde forças do Hezbollah defendem o regime de Assad (ao lado de forças iranianas e russas), fazem muitos temer que uma retaliação vinda da Síria possa visar o mais próximo aliado dos EUA na região: Israel.

O Estado hebraico reuniu esta quarta-feira o seu fórum de segurança, que inclui o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, para consultas sobre prevenção e resposta a uma potencial acção vinda da Síria.

Israel tem visto com crescente preocupação as vantagens que a presença na Síria dá ao Hezbollah – combates lado a lado com a força de elite iraniana, acesso a armamento mais sofisticado e preciso, e um pé junto à fronteira com os Montes Golã. Tentando diminuir esta vantagem, Israel tem atacado ciclicamente alvos na Síria para impedir a sua “linha vermelha”, o estabelecimento permanente de uma força militar iraniana no vizinho.

Um ataque a uma base síria na segunda-feira atribuído ao Estado hebraico que matou sete iranianos levou Teerão a ameaçar ripostar (Israel não confirmou nem desmentiu a autoria da acção militar). A Rússia, que quebrou uma quase tradição de silêncio perante acções do Estado hebraico, apontou publicamente o dedo a Israel pelo raide.

Esta quarta-feira, Moscovo divulgou que o Presidente russo, Vladimir Putin, telefonara a Benjamin Netanyahu para discutir a situação na Síria, pedindo a Israel que não tome medidas que desestabilizem o país, segundo o Kremlin. No Twitter, Netanyahu publicou a sua resposta – Israel não permitirá ao Irão ou ao Hezbollah uma posição militar sólida tão perto de si. O jornalista israelita Barak Ravid explicava o sentido da mensagem russa: Putin, que tem mantido uma boa relação neste campo com Netanyahu, não vai continuar a fechar os olhos a acções israelitas na Síria.

“Assad desaparecerá do mapa”

Na guerra das palavras, responsáveis israelitas citados sob anonimato lançaram um aviso sério: “O regime de Assad e o próprio Assad vão desaparecer do mapa e do mundo se os iranianos tentarem atingir Israel com ataques vindos da Síria”, disse um responsável citado pelo Jerusalem Post.

O diário Ha’aretz  especulava que uma acção de Teerão poderia “levar Israel a acabar com a presença iraniana na Síria” em vez de manter a actual política de ataques ocasionais para limitar o seu crescimento.

Falando sem a cobertura do anonimato, outros responsáveis israelitas disseram que Israel se prepara para responder às ameaças – o ayatollah Ahmad Khatami, um importante responsável iraniano avisou que o Hezbollah “transformará Haifa e Telavive em cidades-fantasma”.

“Temos de estar preparados para qualquer cenário”, disse Zeev Elkin, membro do fórum de segurança que se reuniu para preparar prevenção e resposta, à Rádio do Exército.

Mas também há algum cepticismo sobre se o Irão arriscará mesmo enfrentar Israel, que é militarmente superior, com armas atómicas e com o que é considerado o mais poderoso exército do Médio Oriente.

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