Duas centenas de pessoas marcharam em Lisboa pelos "direitos de todos os animais"

Protesto partiu do Campo Pequeno, "catedral da tortura institucionalizada", e rumou ao Parlamento, para mostrar que a protecção dos animais não é "um assunto menor".

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Miguel A. Lopes/Lusa
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As duas centenas de manifestantes que neste sábado se manifestaram em Lisboa querem acabar com a distinção entre os animais de que gostamos e os animais que comemos e exigem que se respeitem os "direitos de todos".

Dezenas de associações, grupos, plataformas e alguns partidos políticos desfilaram entre o Campo Pequeno, "catedral máxima da tortura institucionalizada", nas palavras de Rita Silva, da Animal, e a Assembleia da República, entoando palavras de ordem, sob a batuta de alguns activistas de megafone em punho.

Pessoas e alguns cães fizeram parar o trânsito, sob o controlo da polícia, para "mostrar ao resto da população que a protecção dos animais não é, de todo, um assunto menor, pelo contrário, cada vez há mais gente preocupada, cada vez mais gente sai das redes sociais e vem para a rua", diz Rita Silva.

"Cães, gatos, touros, porcos, vacas, todos"

Desde 1999 que a marcha Animal se cumpre todos os anos, "em defesa dos direitos de todos os animais: cães, gatos, touros, porcos, vacas, todos", frisa a activista, enquanto vários manifestantes passam com cartazes perguntando "Amas uns e comes outros?"

Apesar dos passos legislativos (sendo o mais recente o que permitirá, a partir de Maio, que os animais de companhia possam acompanhar os donos a estabelecimentos comerciais devidamente sinalizados), o que é motivo para "celebrar", é preciso continuar a "protestar", realça o deputado André Silva, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que desfilou na marcha.

"Os animais de produção, de pecuária, continuam sem qualquer tipo de protecção jurídica", compara, acrescentando que é necessário "reivindicar mais protecção e mais direitos para os animais que não os de companhia".

Apesar de existir "uma vontade da parte dos portugueses de conferir mais direitos aos animais", a Assembleia da República, "na sua maioria, [está] de costas voltadas para o sentimento geral", critica ainda o deputado eleito pelo PAN.

"Há muito para fazer no bem-estar e na defesa dos direitos dos animais", afirma Ricardo Robles, vereador na autarquia lisboeta, eleito pelo BE, também presente no protesto. "Os municípios têm muitas responsabilidades, no âmbito da esterilização, por exemplo, evitando os abates, mas também não apoiando nem financiando os espectáculos que implicam sofrimento animal, como as touradas, ou os espectáculos com animais em circos", especifica.

"Touros para a arena, nem mais um" foi um dos lemas que se ouviu na marcha, logo à saída do Campo Pequeno, onde decorre a temporada "torista", como se lia num cartaz. "Quase ninguém sabe que o dinheiro que ainda faz com que a tauromaquia subsista é nosso", alerta Rita Silva, recordando a campanha "Enterrar Touradas", pelo fim dos apoios públicos à tauromaquia.

"Tortura não é cultura" e "sofrimento não é divertimento" foram outros dos gritos de ordem e a utilização de animais em circos também foi motivo para protestar.

"O pouco que já avançamos é muito pouco e é preciso dar passos rapidamente para garantir que os animais são reconhecidos na nossa sociedade e que os seus direitos estão defendidos", frisou Ricardo Robles.

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