As viagens gastronómicas do Criatura

É o segundo restaurante do Verride Palácio Santa Catarina, um boutique hotel em Lisboa, e pretende ser um espaço descontraído, com preços mais acessíveis e pratos que ajudem a contar a história das viagens dos portugueses pelo mundo.

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Arroz de línguas de bacalhau DR
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Chef Bruno Carvalho DR

O Adamastor está mesmo ali ao lado, mas aqui não há tempestades nem tormentas. O “mostrengo”, como lhe chamou Fernando Pessoa, é apenas a inspiração para o nome do novo restaurante do Verride Palácio Santa Catarina, antiga habitação do conde de Verride, hoje transformada em boutique hotel, no miradouro de Santa Catarina, em Lisboa.

O palácio já tinha um restaurante no topo — com uma vista magnífica sobre a cidade —, o Suba, e agora tem, no piso térreo, o Criatura, com uma carta da responsabilidade do mesmo chef, Bruno Carvalho, mas com características diferentes. O Suba tem o perfil de um gastrobar, enquanto o recém-aberto espaço se pretende descontraído, com preços mais acessíveis e pratos que ajudem a contar a história das viagens dos portugueses pelo mundo.

Bruno Carvalho apresenta-se também como um viajante. Depois de ter começado a sua carreira na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, passou por Nova Iorque, pelo Dubai e pelas Seychelles, experiências que, explica, o ajudam agora na criação de pratos que mostrem a ligação da cozinha portuguesa a cozinhas asiáticas, africanas ou brasileira.

“Gosto de desafios”, diz, contando que decidiu regressar a Portugal porque sentiu que a cozinha portuguesa começa finalmente a ser mais valorizada e que há agora mais espaço para a trabalhar. Daí que no Suba sirva, por exemplo, uma chanfana, que tem todos os sabores tradicionais desse prato mas uma apresentação diferente.

No Criatura está ainda a consolidar a equipa e a avançar com pequenos passos, mas promete que a próxima carta, que surgirá daqui a pouco mais de um mês, já vai trazer influências muito mais marcadas desse cruzamento de culturas. Quer explorar as tempuras, por exemplo, ou o caril, que pode vir da Índia, mas que em Moçambique ganha outras características. Ou ainda pratos de Portugal mas pouco conhecidos, como um feijão assado com melaço e especiarias que é feito nos Açores.

Para já, a carta apresenta petiscos como os croquetes de leitão, os camarões com alho e malagueta, pica-pau de novilho ou as moelas à moda de Lisboa. Nos pratos principais há, entre outros, bacalhau à lagareiro, robalo com puré de batata e alho francês, posta mirandesa com batata frita e grelos ou barriga de porco a baixa temperatura com cenoura e molho de pimenta.

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Destaque para os arrozes, que têm um espaço separado na carta e que são um dos produtos que Bruno Carvalho mais gosta de trabalhar, até porque nasceu na aldeia de Calvino, “rodeado de arrozais”. “O arroz acompanha-me desde a nascença”, diz. Na actual carta recomenda-se o arroz de línguas de bacalhau.

Há ainda um menu executivo de almoço (15€) e que apresenta um prato diferente em cada dia da semana, podendo ser, por exemplo, cabidela de galinha, cozido à portuguesa, feijoada de búzios. O restaurante, com entrada por ambos os lados do palácio, tem uma sala ampla, com arcos e muita luz (vai também ter uma esplanada), na qual se destacam as grandes fotografias a preto e branco de Bridget Jones, que pertencem à colecção privada de Joe Berardo, com retratos de figuras como os actores Anthony Hopkins ou Kevin Spacey.  

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