Mudar a Saúde com a faturação eletrónica

A nova diretiva europeia, já transposta para a legislação portuguesa, estabelece a implementação e utilização da fatura eletrónica para toda a Administração Pública. E o sector da saúde não foge à regra.

Pilhas de faturas. Prazos de pagamentos estendidos no tempo. É este o cenário da saúde em Portugal. Um sector onde existem 23 centros hospitalares, 12 hospitais e umas quantas unidades locais. Um cenário completamente desfasado do que se pretende. E que necessita urgentemente de ser modernizado. Quer pelo aumento da eficiência como pelo cumprimento das diretivas europeias.

E este é um problema que tem impacto direto e diário não só na gestão das unidades hospitalares, mas também no negócio dos seus fornecedores. Hoje é frequente que o prazo de pagamento de um fornecedor de um hospital seja mais extenso do que noutro setor da economia.

O European Payment Reports 2017, que analisa o prazo de pagamento nos diferentes países europeus, indica que Portugal é o país da Europa onde o prazo de pagamento do Governo aos seus fornecedores é dos mais alargados na Europa, só superado pela Grécia. E é em Portugal que existe uma maior diferença entre o prazo de pagamento contratado (em média 48 dias) e o prazo real de pagamento (95 dias). O que, de forma prática, condiciona a rentabilidade de qualquer negócio porque obriga a ter uma tesouraria mais “saudável”. Do lado do hospital obriga a ter pessoas dedicadas ao processamento das faturas. Com todos os problemas inerentes. Desde o ser impossível conseguir fazer-se a correta gestão de stocks, obter sinergias, ou assegurar o processamento atempado das faturas (diga-se a inserção de todos os dados no sistema contabilístico e consequente pagamento a fornecedores). Mas tudo vai mudar.

A nova diretiva europeia, já transposta para a legislação portuguesa, estabelece a implementação e utilização da fatura eletrónica para toda a Administração Pública. E o sector da saúde não foge à regra.

O primeiro projeto, já em curso, envolve sete unidades hospitalares, onde, atualmente, são emitidos 2.642.500 documentos. Tendo em conta que cada fatura em papel tem um custo estimado de 25 a 30 euros e que a versão eletrónica custa apenas alguns cêntimos, basta fazer as contas. Os dados indicam poupanças previstas na ordem dos 25% no segundo ano de operação, de 40% no terceiro ano e de 60% a partir do quarto ano. São milhões de euros que podem ser alocados a outras atividades, incrementando a gestão da unidade hospitalar e permitindo aumentar a qualidade do serviço prestado aos pacientes.

A ideia é simples: integrar, de forma automática, a fatura eletrónica com os sistemas ERP dos hospitais. Isto permitirá que os hospitais (e qualquer outra entidade pública) possam emitir ordens de compra junto dos stakeholders, receber as ordens de encomenda e, depois, receber, processar e arquivar faturas eletrónicas de uma forma totalmente automática e integrada. Poupando tempo, e dinheiro. Ou seja, no fim, com a faturação eletrónica, todos saem a ganhar.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Sugerir correcção
Ler 2 comentários