63 mil utilizadores em Portugal com dados do Facebook expostos à Cambridge Analytica

Cerca de 87 milhões de utilizadores poderão ter tido os dados recolhidos pela empresa de consultoria política. A grande maioria são dos EUA.

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Os dados permitiam à empresa descobrir inclinações políticas Reuters/DADO RUVIC

Um pouco mais de 63 mil utilizadores do Facebook em Portugal poderão ter tido os dados recolhidos pela Cambridge Analytica, a empresa de propaganda política que usou este tipo de informação para criar perfis de eleitores e trabalhar com a campanha de Donald Trump.

De acordo com a empresa, “cerca de 15” pessoas instalaram uma aplicação para o Facebook chamada “thisisyourdigitallife”, que foi usada para recolha dos dados que acabaram nas mãos da Cambridge Analytica. Apesar do número muito reduzido de instalações, a aplicação pode ter recolhido dados dos amigos daqueles utilizadores, com o Facebook a estimar que “até 63.080 pessoas em Portugal possam ter sido afectadas”. Este valor pode incluir pessoas em Portugal que sejam amigas de utilizadores no estrangeiro que tenham instalado aquela aplicação, explicou a rede social em resposta a questões do PÚBLICO.

Ao todo, cerca de 87 milhões de utilizadores poderão ter tido os dados expostos, a grande maioria dos quais nos EUA.

A empresa comunicou nesta quarta-feira que o número de pessoas afectadas é superior aos cerca de 50 milhões que durante os últimos dias foram noticiados pela imprensa, apontando antes para 87 milhões de utilizadores cujos dados podem ter sido expostos. Destes, 82% são utilizadores dos EUA, seguindo-se as Filipinas, Indonésia e Reino Unido, com valores um pouco acima de 1%, o que corresponde a um pouco mais de um milhão de pessoas.

Os dados foram usados pela Cambridge Analytica, uma empresa britânica, para aconselhar sobre acções políticas para a campanha de Donald Trump durante as presidenciais de 2016. A Cambridge Analytica obteve os dados através de um académico, num processo que violou as regras da rede social. Com a informação, a empresa dizia conseguir, por exemplo, perceber as inclinações políticas ou aspectos da personalidade das pessoas.

O caso levou a uma torrente de explicações por parte do Facebook e do seu fundador, Mark Zuckerberg. Nesta quarta-feira, numa conferência por telefone para jornalistas, o executivo afirmou: “É a primeira vez que existe algo como o Facebook e, se não tivéssemos errado com a Cambridge Analytica, estaríamos a errar noutra coisa qualquer. Apenas podemos admitir os nossos erros e melhorar.” Zuckerberg também afastou a hipótese de abandonar o cargo, um cenário que tem vindo a surgir em alguns artigos de opinião na imprensa.

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