PS consegue maioria absoluta com apoio de vereador independente

José Pereira, eleito pelo movimento Barcelos, Terra de Futuro, fez acordo com os socialistas, que passam a contar com seis dos 11 membros do executivo municipal.

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Miguel Costa Gomes esteve seis meses sem maioria, na câmara de Barcelos Nelson Garrido

José Pereira, eleito pelo movimento Barcelos, Terra de Futuro, tornou-se no sexto vereador com pelouro na autarquia, na quinta-feira, garantindo a maioria absoluta ao executivo socialista. Com esta mudança, o presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, crê que será possível reduzir o peso da burocracia sentido nos últimos seis meses. Domingos Pereira é agora o único independente dos 11 vereadores.

A incorporação de José Pereira no executivo municipal encerra um período de seis meses de governação socialista sem maioria absoluta. O vereador até agora independente e o presidente da Câmara confirmaram, na quinta-feira, um acordo que já era dado como certo pela imprensa local e que vai garantir ao político eleito pelo movimento Barcelos, Terra de Futuro (BTF) o pelouro do urbanismo.

Para o agora membro do executivo socialista, a decisão de mudar de facção é a que melhor defende “o interesse do concelho de Barcelos e dos barcelenses”. Antes de selar o acordo com o PS, José Pereira impôs a condição de “entrar no executivo para trabalhar” e disse ainda ter consultado elementos do BTF, para perceber se a acção do movimento independente estava a “encravar o funcionamento do município”.

Até aqui, todos os actos de gestão tinham de passar pelas reuniões de Câmara, após o chumbo, pelo BTF e pelos quatro vereadores da coligação PSD/CDS-PP, da delegação de competências no presidente da Câmara. “As coisas estavam a demorar mais um mês do que o que deveria ser. Antes, as pessoas recebiam resposta aos requerimentos em três, quatro dias, e, nesta situação, demorava mês e meio”, descreveu José Pereira em conferência de imprensa realizada conjuntamente com o presidente da Câmara.

Satisfeito por recuperar a maioria absoluta perdida nas Autárquicas de 01 de Outubro com um vereador de “génese socialista”, Costa Gomes realçou que o acordo, um dos “mais fáceis” que já conseguiu alcançar, vai eliminar o “excesso de burocracia” que se abateu quer sobre os cidadãos, quer sobre as empresas, as 61 Juntas de Freguesia e as 306 associações do concelho no primeiro meio ano do seu terceiro mandato.

As reuniões de Câmara, que doravante serão mais curtas, foram igualmente afectadas. “Na última reunião de Câmara, tivemos 247 assuntos. A produção desta burocracia gasta 150 horas a mais no município. A oposição deveria, logo no início, ter delegado as competências”, defendeu o autarca.

O atraso estendeu-se à aprovação do Orçamento Municipal para 2018. Depois do orçamento de 2017, de 60,7 milhões de euros, ter sido aprovado em Outubro de 2016, o deste ano, no valor de 64,6 milhões, apenas o foi em Janeiro último, com cinco votos a favor do PS, quatro votos contra do PSD e do CDS e as abstenções de Domingos Pereira e de José Pereira, do BTF.

“José Pereira não deu satisfações a ninguém”

O acordo entre José Pereira e o executivo socialista reduziu a presença do BTF na vereação a Domingos Pereira. O líder da terceira força mais votada nas Autárquicas afirmou ao PÚBLICO que o agora responsável pelo urbanismo do município “entendeu encetar conversas com o presidente da Câmara” sem o conhecimento do movimento.

“O vereador José Pereira não deu satisfações a ninguém. Não houve conversação nenhuma com o BTF, quer ao nível da vereação, quer do grupo da Assembleia Municipal, e dos presidentes de junta”, realçou, antes de também criticar Costa Gomes por não ter falado consigo, enquanto responsável máximo do BTF.

O antigo presidente da concelhia do PS de Barcelos, que foi também deputado na Assembleia da República, prometeu continuar um “escrutínio muito exaustivo” a um poder que se tem pautado pela “inoperância”: os exemplos residem, a seu ver, nas questões da água e do saneamento – em Novembro último, a Câmara adquiriu, por 59 milhões de euros, 49% das Águas de Barcelos, entidade detida pelas empresas Somague Ambiente e ABB desde 2005 – e nos projectos apoiados pelo Portugal 2020, cujo grau de execução tem sido baixo, diz.

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