Rússia, Turquia e Irão querem “calma” na Síria e acusam os EUA de apoio a terroristas

Depois da cimeira tripartida em Ancara, Erdogan e Rouhani lançaram acusações contra Washington. Os três líderes querem garantir a “independência” e a “integridade territorial” da Síria.

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Reuters/UMIT BEKTAS

Os líderes da Turquia, Rússia e Irão reuniram-se nesta quarta-feira em Ancara para discutir a situação na Síria. Num comunicado conjunto divulgado depois do encontro, Vladimir Putin, Recep Erdogan e Hassan Rouhani afirmaram que estão empenhados em acelerar os esforços para garantir a “calma no terreno”. Depois, numa conferência de imprensa, os Estados Unidos foram acusados de estar a apoiar terroristas.

No comunicado, os três líderes afirmam igualmente que vão constituir áreas “de desanuviamento” nas zonas de combate para proteger os civis.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, o líder turco declarou que a integridade do território sírio depende da manutenção de uma “distância igual” em relação a todas as organizações terroristas.

“Aqueles que não compreendem que o Daesh e os militantes curdos servem o mesmo propósito não podem contribuir para a paz duradoura na Síria”, disse, numa mensagem dirigida a Washington, que apoia vários grupos curdos que Ancara combate na Síria.

Erdogan afirmou ainda que o caminho a percorrer na Síria é “complicado”, mas a “esperança no sucesso está a crescer”.

A Turquia vai trabalhar com a Rússia para a construção de um hospital na zona de Tel Abyad, cidade junto à fronteira com a Turquia, destinado ao tratamento dos civis sírios que fugiram de Ghouta Ocidental para o norte do país, revelou Erdogan, que acrescentou que as forças armadas turcas e russas vão garantir a segurança da unidade.

O Irão e a Rússia são os principais aliados do regime sírio de Bashar al-Assad, que combate a oposição armada ao seu Governo. Já a Turquia, que se opõe a Damasco, iniciou em Janeiro uma ofensiva no Norte da Síria contra os grupos curdos, que dominam essa zona, que são considerados organizações terroristas por Erdogan.

Rouhani, por seu lado, foi mais directo nas acusações, afirmando que o Daesh e outros grupos terroristas servem os interesses de certos poderes, incluindo dos EUA. “Alguns países, incluindo a América, apoiam grupos terroristas como o Daesh, que servem os interesses destes países”, disse Rouhani.

O líder iraniano defende que a crise síria não tem “solução militar", garantindo que proteger a independência da Síria é uma prioridade para Teerão.

Também nesta quarta-feira, Dan Coats, director do serviço de informação norte-americano, afirmou que a Administração norte-americana tomou uma decisão relativamente ao futuro das tropas dos EUA presentes na Síria e que a mesma será revelada brevemente.

Numa conferência de imprensa que se seguiu ao encontro do Conselho de Segurança Nacional, Donald Trump disse que os EUA “não vão descansar até que o ISIS (sigla pela qual é também conhecido o Daesh) desapareça”. No entanto, questionado pelos jornalistas sobre uma possível retirada dos militares norte-americanos, o Presidente disse: “Está na hora.”

Na semana passada, Trump já havia afirmado que a retirada dos militares norte-americanos da Síria estava para “muito breve”.

Porém, segundo noticia a Reuters citando fonte oficial da Administração, Trump concordou nesta quarta-feira manter as tropas por mais algum tempo, mas rejeitou qualquer compromisso a longo prazo.

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