Tindersurfing, se não se adora é porque não se provou?

Anthony Botta é um belga que viajou pela Europa pernoitando em casa de raparigas com quem fazia match na aplicação de encontros, Tinder.

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Reuters/Mike Blake

Já ouviram a expressão Tindersurfing? É uma mistura entre Tinder e Couchsurfing e o belga Anthony Botta viajou durante dois meses, em Junho e Julho passado, pela Europa, pernoitando em casa de raparigas com quem fazia match na aplicação de encontros, Tinder, e que aceitavam o seu convite: “Wanna be my host?” (queres ser a minha anfitriã?)

Anthony, 26 anos, vive em Bruxelas, estudou línguas e tradução e trabalha agora em marketing, por isso não consegue viajar tanto como o fez no Verão passado. Mas quando falámos com ele através do Facebook e por email, estava em Inglaterra a passar o fim-de-semana. Contou que em Junho vai ter três semanas de férias e partirá para a América do Sul (está a pensar passar algum tempo na Colômbia) e continuará a utilizar o Tinder para não ter de pagar as dormidas.

“Nessa primeira viagem saí da minha zona de conforto porque todos os dias dormia num local diferente, sempre em casas de desconhecidas. Foi muito enriquecedor a nível humano”, explica o belga, que nessa altura vivia em casa dos pais.

Tinha acabado a universidade e antes de ter o seu primeiro emprego a sério viajou por oito países — Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, República Checa e Polónia. Durante esses dois meses foi hospedado por 21 raparigas e ficou com elas entre um a cinco dias.

O Tinder é uma aplicação para proporcionar “engates”, por isso com algumas acabou a partilhar a cama, com outras não. “Tal e qual como acontece quando se sai com alguém que se encontrou através do Tinder. Se não houver click, se a magia não acontecer, então durmo confortavelmente num sofá.”, afirma.

Claro que durante a viagem lhe aconteceu encontrar a rapariga que lhe parecia perfeita e com quem até poderia passar o Verão inteiro, mas era só o seu terceiro encontro durante a viagem e isso iria colocar em risco todo o projecto (mas os dois ainda hoje mantêm contacto).

Algumas das suas hospedeiras aceitaram aparecer nos vídeos que foi fazendo ao longo da viagem e que publica nas redes sociais onde criou o perfil Zebotta. Outras estão lá mas com a cara tapada por emojis sem serem identificadas. “Algumas raparigas estavam de acordo quanto a aparecerem no YouTube mas entretanto mudaram de opinião. Nunca pensaram que tanta gente fosse ver os vídeos. Algumas pediram-me para os modificar, o que aceitei. Mas todas as raparigas sabem que eu faço vídeos, não é uma surpresa para elas”, explica Anthony que passou a utilizar o Tinder Plus, uma versão paga da aplicação que permite aos utilizadores encontrar pessoas que poderão estar em outros países e não só na cidade em que o utilizador se encontra.

Conseguiu hospedar-se em todas as cidades que queria — menos em Viena que trocou por Bratislava (que fica a uma hora de distância). Nos momentos de maior desespero, em que nenhuma rapariga de que ele gostava aceitava acolhê-lo, passava na aplicação as fotografias de todas as raparigas que lhe iam aparecendo no ecrã do telemóvel para a direita — o que no Tinder significa que se quer conhecer essa pessoa (se as mesmas duas pessoas deslizarem para a direita, fazem match e a aplicação permite que comecem a falar uma com a outra).

A experiência mais impressionante de todas foi o que lhe aconteceu em Munique, onde ficou a pernoitar numa casa que era uma mansão e tinha sauna, jacuzzi e ginásio. Não há vídeos dessa experiência porque a dona não permitiu (tinha filhos em casa). E a pior experiência aconteceu-lhe na Polónia, era uma casa tão pequena que a lavagem da loiça tinha de ser feita no chuveiro.

If  you  don’t  love  it, you  haven’t  tasted” lê-se num dos vídeos da viagem pela Finlândia. “Acontece exactamente o mesmo com o Tindersurfing, se não se adora é porque ainda não se provou”, brinca Anthony. Mas só a finlandesa já se tinha aventurado no Tindersurfing de todas as raparigas que conheceu. Pela sua experiência, Anthony aconselha que “conheçam bem” quem lhes vai dar guarida, pois “há muitos gajos bizarros” no Tinder, diz, que “já estão a enviar fotos dos seus pénis antes mesmo de dizerem olá”.

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