O Facebook pode custar vidas — e então? “Nós ligamos as pessoas. Ponto final”

Memorando escrito por vice-presidente da empresa em 2016 admitia que as tácticas de crescimento da rede social poderiam facilitar o planeamento de ataques terroristas. Mark Zuckerberg reage: o Facebook “nunca acreditou que os fins justificassem os meios”.

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Nova polémica à volta da rede social Reuters/DADO RUVIC

Um importante executivo do Facebook admitiu — num memorando redigido em 2016 — que a plataforma poderia servir de ajuda aos terroristas no planeamento de ataques e, eventualmente, conduzir à perda de vidas. Andrew Bosworth, vice-presidente da empresa, argumentou que esses resultados perniciosos eram uma consequência natural das "tácticas de crescimento" da companhia e da missão desta de “ligar” pessoas.

O documento, que fala em “perseguir o crescimento sem olhar a custos” e “defender práticas questionáveis” em relação ao tratamento de dados, levou Mark Zuckerberg, esta quinta-feria, a sair em defesa da empresa que fundou em Fevereiro de 2004. Conforme noticiou o diário britânico Guardian, Zuckerberg disse que o Facebook "nunca acreditou que os fins justificassem os meios" e referiu que discordava veementemente do memorando posto a circular por Bosworth, descrevendo o vice-presidente como uma força talentosa, mas, ao mesmo tempo, provocadora no seio da empresa.

No documento que motivou a reacção de Zuckerberg, Andrew Bosworth escreveu: “Talvez alguém morra num ataque terrorista coordenado através das nossas ferramentas”. “Nós ligamos as pessoas. Ponto final. É por isso que todo o trabalho que fazemos para o crescimento é justificado”, acrescentou o executivo.

O memorando, publicado na íntegra pelo Buzzfeed — e confirmado por representantes do Facebook —, surge num momento em que a  tecnológica está debaixo de fogo na sequência do alegado uso indevido de informações de 50 milhões de utilizadores da rede social por parte da empresa Cambridge Analytica.

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