Aquiles Barros é o engenheiro químico que criou a Castelbel

A marca exporta 80% dos produtos e continua a apostar no estrangeiro.

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Joana Gonçalves
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Colecção de sabonetes com nomes de Cidades Joana Gonçalves

A história das marcas Castelbel e Portus Cale de Aquiles Barros não se conta em três tempos. “É muito grande! É a história da minha vida”, diz o próprio. Era muito pequeno e já lhe diziam: "Vais ser engenheiro químico na empresa do teu padrinho, na Ach. Brito”, que era amigo do pai. “Nunca tive opção de vida”, conta, entre risos. Ainda se desviou dos sabonetes, mas, “por acidente”, aos 49 anos, atravessaram-se no seu caminho. Criou a Castelbel, de produtos perfumados de luxo para a casa e corpo, que ainda hoje gere.

Aquiles Barros não costumava frequentar a fábrica do padrinho Achiles Brito em pequeno, mas cresceu rodeado de sabonetes em casa, como os famosos Patti, e habituou-se a ter os aromas perfumados sempre por perto. Agora, aos 68 anos, faz deles a sua vida. E a vida dos outros aromatizada com os sabonetes, loção corporal, gel de duche, velas, saquetas e papéis perfumados, e vaporizadores de fragrâncias. E perfumes corporais também.

Por estes dias inaugurou uma loja de dois andares no centro do Porto, cheia de história também. Logo à entrada, o perfume invade as narinas numa mistura de aromas, saem dos mais variados produtos das marcas Castelbel e Portus Cale colocados nas prateleiras e montras. São todos de luxo e produzidos na unidade fabril de Castêlo da Maia, a poucos quilómetros dali.

Funcionárias embalam sabonetes, como se fosse uma montra da produção da fábrica onde trabalham 180 funcionários. Abriu em 1999 com apenas cinco trabalhadores. “A Castelbel tem tido um crescimento meteórico. Acabámos o ano de 2017 com dez milhões de facturação”, informa. Depois umas escadas conduzem a mais história. Uma montra envidraçada ocupa toda uma parede com dezenas de sabonetes produzidos desde 1999, o ano em que tudo começou. Saltam à vista sabonetes com embalagens com as mais variadas cores e ilustrações, um sabonete com forma de tablete de chocolate branca. Ou os moldes para fazer os sabonetes, as chapas onde são feitas as gravações. Na mesma sala há uma máquina onde é possível personalizar um a gosto.

Mas é preciso voltar atrás no tempo para perceber como o dono da Castebel a criou. Regressando à sua juventude, corria o ano de 1973, Aquiles Barros ainda chegou a trabalhar na empresa do padrinho. Tinha-se licenciado em engenharia química. Corria tal e qual lhe tinham dito em pequeno. Mas foi convidado a dar aulas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e por lá ficou durante anos. Ainda regressou à Ach. Brito, mas não a tempo inteiro, porque nunca deixou de leccionar. Dessa altura lembra-se dos inícios da linha Claus, nos anos 1990, com encomendas de um empresário dos EUA. Esse americano viria depois a desafiá-lo a abrir uma fábrica para produzir sabonetes em exclusivo para ele. Assim foi. E com as palavras "Castêlo da Maia", que é o local onde abriu a fábrica, e "beleza", surgia o nome Castelbel. Começava aqui a escrever a história da empresa com “um aperto de mão”. E com o americano e o seu amigo Jerónimo Campos – o mesmo amigo com que fundou o clube de vólei de Castêlo da Maia – como sócios. “Foi por acidente que abri a fábrica. Tinha 49 anos e nunca tinha sido empresário na vida”, confessa.

Nessa altura, continua, “cada um ficou com cerca de 30% da sociedade. Eu tratava de toda a organização e o americano escoava para os EUA”. Os amigos “achavam que era louco por abrir uma fábrica só para um cliente”. Entretanto os dois sócios saíram. Seria depois contactado por agentes para vender produtos para outras marcas. Por exemplo, em 2003 tinha sabonetes na Perfumes e Companhia, um ano depois na Zara Home e, mais tarde, na Gant Home. Agora tem mais de mil clientes e exporta 80% da sua produção, sobretudo para o Reino Unido, EUA e Ásia.

Vendeu parte da fábrica a um inglês. “Brincávamos com rótulos, púnhamos umas fitinhas nos produtos”, recorda e a marca própria com o nome da fábrica nascia em 2006. “Além dos sabonetes, começámos a produzir papéis perfumados, velas, difusores de ambiente”, elucida. Volta a ficar sozinho à frente da empresa. Em 2010 cria o departamento de design. E até hoje foi sempre a crescer, acrescentando a marca Portus Cale à Castelbel. “Todos os anos desenvolvemos novas linhas nas marcas”, como uma de porcelana azul e branca, há dois anos, com sabonetes e difusores. Há ainda as saquetas perfumadas para os armários da roupa com grãos de cortiça; e ainda os sabonetes das cidades.

Aquiles Barros quer tornar a marca mais conhecida, sobretudo no estrangeiro, onde está representado em meia centena de países. E a continuar a perfumar a vida dos outros.

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