Formadores precários do IEFP reclamam integração urgente

Numa carta enviada ao Governo, os formadores receiam que não haja vaga para todos os que se candidataram ao programa de regularização de precários.

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Levantamento feito pelo Governo aponta para a existência de 3888 formadores precários Rita França

À medida que o tempo passa, os formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) a recibos verdes começam a ficar impacientes quanto ao desfecho do Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP). Numa carta divulgada nesta quarta-feira, um grupo de 50 formadores desafia o Governo e a direcção do IEFP a criar vínculos contratuais para todos os profissionais que ocupam necessidades permanentes, respeitando a lei.

Na carta endereçada ao ministro do Trabalho, ao secretário de Estado do Emprego e ao presidente do IEFP, os formadores exigem que o Governo “dê uma resposta efectiva e regularize a situação de precariedade” destes trabalhadores. “A abertura de vagas não poderá ser feita de forma arbitrária pelo IEFP que, ao longo de décadas, tem promovido a precariedade. Não é aceitável que se excluam profissionais do processo PREVPAP”, argumentam.

Os formadores alertam ainda que o instituto que tem como missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego é, “paradoxalmente”, o que apresenta o maior número de trabalhadores com vínculo precário. A afirmação baseia-se no levantamento feito em 2017 e que aponta para a existência de 3888 formadores e 200 técnicos com vínculos não permanentes a trabalhar nos centros do IEFP.

“Reforçamos que os formadores são essenciais ao serviço prestado pelo IEFP, sem formadores não há formação profissional. Isto, por si só, define a necessidade permanente do serviço”, alertam, acrescentando que estes profissionais devem ser integrados “tendo em conta as funções formativas que efectivamente desempenham”.

Numa petição lançada no início desta semana, também a Associação Portuguesa de Formadores reclama que sejam efectivamente criadas vagas para todos os formadores que ocupem necessidades permanentes e exige que seja recuperada a carreira de formador, argumentando que “dada a natureza técnica e pedagógica das suas funções” eles não devem ser integrados em carreiras gerais. 

O PÚBLICO questionou a direcção do instituto sobre o número de formadores considerados pelo IEFP como estando a exercer funções permanentes (que no período de 2015 a 2017 contem com, pelo menos, 1000 horas de formação dada) sem o vínculo adequado, mas não teve resposta em tempo útil.

Além do PREVPAP, que se destina ao sector público, o Governo está a discutir com os parceiros sociais um pacote de medidas para travar a precariedade no privado. E nesta quarta-feira, cerca de duas mil pessoas saíram à rua para se manifestarem contra a precariedade, numa iniciativa da CGTP.

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