O que preocupa o PCP é a falta de investimento público, não o impacto da CGD no défice

Comunistas desvalorizam a subida do défice de 2017 devido à recapitalização da Caixa porque era "imprescindível" e insistem que, em vez de ficar refém dos 3% de Bruxelas, o Governo deve apostar no investimento público.

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Mário Centeno com António Filipe Enric Vives-Rubio

Não é a derrapagem do défice, em 2017, de 0,9% para 3% do PIB por causa da contabilização da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos que preocupa o PCP. O que realmente preocupa os comunistas é que o Governo continue a estar sujeito à imposição de Bruxelas de um défice máximo e até se esforce por conseguir valores históricos em vez de apostar no investimento público na saúde e na educação.

Ao PÚBLICO, o deputado António Filipe desvalorizou a parcela da CGD no agravamento do défice do ano passado, quando o Estado injectou 3944 milhões de euros no banco público. Já em Setembro, o Eurostat defendia que esse valor para a recapitalização fosse considerado como uma injecção de capital numa empresa pública deficitária e, logo, com impacto no défice.

"A recapitalização da Caixa devia até ter sido feita antes, mas o anterior Governo preferiu degradar o seu valor para a privatizar. A recapitalização foi, por isso, justa."

Mas se houve dinheiro para isso, faltou para o resto. "O que os números reflectem é uma grande falta de investimento público no Serviço Nacional de Saúde, onde escasseiam profissionais e infra-estruturas, ou na Educação, com falta de pessoal e de condições nas escolas, ou ainda na Cultura." E isso, vinca o deputado comunista, "são consequências directas da aceitação dos limites impostos pelas instituições europeias".

"A obsessão do défice está a ter reflexos dramáticos na vida dos portugueses", aponta António Filipe, dizendo que, ao mesmo tempo que o Governo "se vangloria com os resultados extraordinários das contas públicas, não é motivo de júbilo o reflexo desta falta de investimento gritante nos serviços públicos mais básicos".

"Os valores do défice não é algo com que nos congratulemos", aponta o deputado, que avisa que o PCP vai continuar a exigir investimento público em propostas legislativas no Parlamento e na discussão do Orçamento do Estado para 2019.

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