Partidos independentistas não desistem de investir Puigdemont

JxCat, ERC e CUP solicitam sessão plenária urgente no parlamento para garantir que Puigdemont, Turrul e Sànchez podem submeter-se a uma votação de investidura. Manifestantes voltam às ruas e ex-presidente da Generalitat pede fim da violência.

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Manifestações de apoio aos políticos catalães detidos prosseguem esta segunda-feira. JAUME SELLART / EPA

Os partidos independentistas com assento no parlamento catalão estão determinados em contrariar as adversidades impostas nos últimos dias ao movimento soberanista. Juntos pela Catalunha (JxCat), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Candidatura de Unidade Popular (CUP) apresentaram esta segunda-feira duas propostas de resolução, exigindo ao parlament que se comprometa a adoptar “todas as medidas necessárias para garantir” que Carles Puigdemont, Jordi Turull e Jordi Sànchez “possam exercer os seus direitos políticos”, incluindo o direito a submeterem as suas candidaturas à presidência da Generalitat “a debate e votação plenária”.

Um dos textos apresentados pede ainda a “libertação imediata” de todos os políticos catalães detidos.

O presidente do parlamento da Catalunha, Roger Torrent, convocou a Mesa e a Junta de porta-vozes para avaliar as propostas dos partidos soberanistas e decidiu agendar a sessão extraordinária solicitada para as 10 horas (menos uma hora em Portugal Continental) da próxima quarta-feira.

Jordi Sànchez aproveitou o gesto dos partidos independentistas para reconsiderar o abandono do cargo de deputado eleito pelo JxCat. O advogado do ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC) revelou que o respaldo que aquele recebeu do Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas fê-lo repensar na decisão e que Sànchez está novamente disponível para se apresentar à liderança do governo catalão.

Depois de dois dias de manifestações, das quais resultaram dezenas de feridos em confrontos com a polícia, estão agendados mais protestos para esta segunda-feira, particularmente em Barcelona. Os manifestantes protestam as detenções de Puigdemont (na Alemanha) e de outros cinco políticos catalães envolvidos no processo independentista e na organização do referendo soberanista de 1 de Outubro de 2017.

As primeiras palavras do antigo presidente do governo catalão desde que foi interceptado pelas autoridades alemãs no domingo surgem em forma de apelo. De acordo com o jornal online El Punt Avui, Puigdemont afirmou que “agora não é altura de violência”. A mensagem foi transmitida à mulher, Marcela Topor, pouco antes de ser transferido para a prisão de Neumünster.

A Efe ofereceu esta segunda-feira um novo dado sobre a detenção do ex-presidente da Generalitat. Segundo aquela agência noticiosa, as secretas espanholas conseguiram incorporar um localizador no carro onde seguia Puigdemont, no seu trajecto de regresso a Bruxelas – depois de participar numa conferência em Helsínquia (Finlândia).

Carles Puigdemont comparecerá esta segunda no tribunal administrativo de Schleswig-Holstein, naquele que será o primeiro passo judicial para se determinar se existem motivos para executar o mandado de detenção europeu – renovado na sexta-feira pelo juiz Pablo Llarena – e para o extraditar para Espanha.

Um porta-voz da justiça alemã falou ao início da tarde com a Reuters e adiantou que a decisão final sobre o caso “dificilmente será tomada antes da Páscoa”. A dúvida mais imediata prende-se, por isso, no que poderá ser a deliberação do tribunal de Schleswig-Holstein, nomeadamente se haverá motivos para a aplicação de medidas de coacção – que podem passar pela prisão preventiva de Puigdemont.

Arrimadas pede demissão de Torrent

A líder do Cidadãos na Catalunha desferiu um violento ataque contra Roger Torrent, pela forma como tem reagido à crise política catalã desde que foi eleito presidente do parlament. Inés Arrimadas diz que Torrent “não é neutral nem objectivo” e pede o seu afastamento.

“Torrent está há pouco tempo no cargo, mas já ultrapassou os limites”, afirmou esta manhã a líder do partido mais votado nas eleições de Dezembro, citada pelo La Vanguardia, para depois elencar o que considera terem sido as falhas do presidente da assembleia legislativa: “Bloqueou o parlament durante meses; propôs três candidatos à presidência da Generalitat [Puigdemont, Sànchez e Turull] que não podiam exercer o cargo; alterou a data das sessões plenárias em função da agenda judicial; faz comícios da ERC nas suas intervenções; e ontem [domingo] disse que os políticos não têm de se submeter ao poder judicial”.

Arrimadas acusa ainda Torrent de “fazer de advogado de Puigdemont”, de utilizar o parlamento catação para colocar em prática “interesses dos grupos independentistas” e de estar a “prolongar o problema”. “Precisamos de alguém neutral à frente do parlament”, conclui.

O Cidadãos apresentou esta tarde ao parlamento uma proposta de resolução com vista ao afastamento de Torrent do cargo de presidente da câmara catalã.

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