Holanda no último tubo de ensaio de Fernando Santos

Três dias depois de derrotar o Egipto, Portugal defronta em Genebra a selecção holandesa na derradeira partida de preparação antes de serem conhecidos os 23 convocados para o Mundial 2018

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Fernando Santos num treino da selecção nacional LUSA/PAULO NOVAIS

Fernando Santos, no seu habitual tom assertivo e austero, garantiu antes de Portugal defrontar na passada sexta-feira o Egipto que a selecção nacional não estava na Suíça para fazer nenhum “teste”. Porém, dez dias depois de reconhecer que definir a convocatória para o Mundial 2018 será “seguramente” mais difícil do que foi escolher os eleitos para Euro 2016, o seleccionador nacional fará hoje da Holanda o seu último tubo de ensaio antes de revelar o nome dos 23 portugueses que vão estar na Rússia. Após um triunfo sofrível, mas moralizador contra o Egipto, as principais alterações de Fernando Santos contra os holandeses deverão acontecer no sector defensivo.

Excluindo Cristiano Ronaldo, o único “que está seguramente convocado” para o Mundial da Rússia, palavra de seleccionador nacional, Fernando Santos substituiu frente ao Egipto todos os jogadores do meio-campo e do ataque de Portugal. No total, foram cinco as alterações no duelo com os africanos. Houve, todavia, um sector que em Zurique permaneceu inalterado do primeiro ao último apito do árbitro italiano Paolo Mazzoleni: o defensivo (guarda-redes incluído). Beto, Cédric, Bruno Alves, Rolando e Raphaël Guerreiro estiveram em campo nos 90 minutos do encontro frente a Mohamed Salah e companhia.

Frente à Holanda, Fernando Santos deverá agora mexer por completo no sector onde parece ter menos certezas. A baliza será entregue a Rui Patrício ou Anthony Lopes, as duas primeiras opções para guarda-redes, enquanto no centro da defesa José Fonte, habitual parceiro de Pepe, deverá fazer dupla com Luís Neto. Com a lesão do benfiquista Ruben Dias, o central do Fenerbahçe terá a oportunidade de recuperar o espaço perdido nos últimos tempos. Nas faixas laterais, é provável que João Cancelo seja o eleito para a direita, enquanto do lado oposto pode haver uma estreia absoluta na principal selecção portuguesa: Mário Rui.

A partir daí, Fernando Santos deverá ser mais conservador. O seleccionador nacional já reconheceu que, salvo qualquer contratempo de última hora, a posição “6” será de William Carvalho ou Danilo. Com a lesão dos médios de Sporting e FC Porto, Rúben Neves foi lançado às feras contra o Egipto, mas o jovem jogador português não teve um desempenho à altura do que tem feito esta época em Inglaterra, no Wolverhampton. Dessa forma, pode ser a oportunidade para colocar à prova a polivalência de Manuel Fernandes, que esta época tem feito uma temporada de grande nível na Rússia. Bem próximo do jogador do Lokomotiv Moscovo deverá surgir Adrien, embora Bruno Fernandes também seja uma possibilidade para ocupar o lugar que foi de João Moutinho contra o Egipto.

Habitualmente comedido nos reparos públicos que faz aos seus jogadores, Fernando Santos deixou escapar no final do encontro da passada sexta-feira em Zurique que não tinha ficado satisfeito com os seus “falsos” extremos: “Em termos ofensivos faltou jogo interior e entre linhas. O Bernardo [Silva] e o João [Mário], como planeado, deviam ter feito mais movimentos interiores para receber a bola na zona morta do adversário. Tivemos essa dificuldade, jogaram demasiado abertos. Esse foi um obstáculo para criarmos mais e melhores oportunidades.” Feito o alerta, não será de estranhar que Santos volte a oferecer a titularidade aos dois jogadores para corrigir o que falhou contras os egípcios.   

Depois haverá, claro, Cristiano Ronaldo, e, ao seu lado, será difícil fugir a André Silva. O avançado do AC Milan é o único jogador com características de “homem de área” entre os convocados para os dois jogos na Suíça e nos últimos minutos contra o Egipto o “plano B” de Portugal, com a entrada de Gelson Martins, Ricardo Quaresma e Gonçalo Guedes, mostrou uma equipa portuguesa com mais anarquia do que disciplina táctica. Valeu o talento de Ronaldo e Quaresma, para conseguir uma inédita reviravolta de Portugal no período de descontos. Essa é, no entanto, uma aptidão que Fernando Santos não necessitará de examinar no seu tubo de ensaio.

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