Universidade do Porto quer ajudar estudantes a voltar à terra

Protocolo com 57 municípios pretende pôr os jovens em contacto com a realidade empresarial dos seus concelhos de origem

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adriano miranda

A Universidade do Porto (UP) quer que os seus diplomados regressem aos respectivos concelhos de origem depois de terminarem os estudos. A intenção é ajudar a combater a desertificação do interior e, por isso, foram assinados protocolos de colaboração com 57 municípios de todo o país de forma a colocar os alunos em contacto com a realidade empresarial das suas terras.

“Quase sempre, quem vem para o Porto quer exercer posteriormente a sua actividade profissional nesta mesma região”, explica Manuel Fontes de Carvalho, pró-reitor da UP responsável por este programa. “Aquilo que pretendemos é funcionar como veículo de transmissão junto dos nossos estudantes de informação mais próxima sobre a sua terra”, acrescenta.

A experiência tem mostrado aos responsáveis da universidade que a maioria dos alunos sai dos concelhos onde nasceu e viveu sem conhecimento da realidade empresarial da região. O período de estudos longe de casa provoca um afastamento ainda maior e, por isso, o regresso à terra é uma realidade que está fora dos planos da maioria, que não encontra chamarizes suficientes para aí exercer a profissão para a qual estudou.

Quem alertou a UP para este fenómeno foram os presidentes das câmaras com quem, desde 2015, a universidade vem estabelecendo protocolos de colaboração. Numa primeira fase foram 32 municípios, tendo sido privilegiados os do centro e Norte do país, aos quais se juntaram agora outros 25, incluindo concelhos como Grândola, Torres Vedras ou Madalena, nos Açores.

“Para os municípios, esta questão de regresso a casa após a formação era essencial”, explica Fontes de Carvalho. Por isso, a universidade decidiu alargar o âmbito do protocolo de colaboração com as câmaras municipais. A intenção inicial desses acordos era que as autarquias fossem interlocutoras na divulgação das iniciativas de promoção de emprego no seu concelho, sobretudo junto das pequenas e médias empresas (PME).

Um banco de currículos de diplomados

De entre os 57 concelhos que assinaram estes protocolos, só três (Ponte de Sor, Sardoal e Vila Velha de Ródão) não têm alunos matriculados na UP. A maioria dos estudantes daquela universidade é do concelho do Porto (4502 inscritos), seguindo-se os restantes concelhos da área metropolitana: Gaia (3155), Matosinhos (1985), Maia (1565) e Gondomar (1528).

“Estamos a começar a construir uma rede que não só pode trabalhar directamente nesta aproximação dos naturais do interior à realidade da terra de onde vêm como criar condições para que as próprias empresas percebam quais são as oportunidades que têm no interior do país com empresas residentes”, defende Fontes de Carvalho.

Os protocolos permitem uma ligação próxima entre as autarquias e as universidades, com quatro instrumentos que têm como finalidade ajudar a combater a desertificação do interior. Por um lado, as empresas de cada um destes concelhos passam a ter acesso a um banco de currículos de diplomados e estudantes da UP.

O boletim informativo do Observatório do Emprego da universidade terá também uma área especificamente destinadas à divulgação das novidades que as autarquias queiram transmitir aos seus estudantes. A UP vai ainda servir de intermediário para todas as mensagens directas que as câmaras queiram passar aos naturais dos seus concelhos.

Por último, as câmaras reforçam a seu presença nas Feiras de Emprego FINDE.U, organizadas, desde 2015, pela UP — a última edição teve lugar em Outubro do ano passado —, bem como na Feira de Emprego Virtual, a primeira do género em Portugal, que vai para o ar de 16 a 18 de Abril pela primeira vez.

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