Uma farsa eleitoral

Na Rússia de Putin foram mortos todos os embriões da democracia.

Sem dúvida, em qualquer sistema mais ou menos democrático, a força principal e decisiva que determina o futuro do país ou, simplesmente, quem estará no poder pertence aos cidadãos. Mas não é esse o caso da Rússia, na qual, com Putin no poder, foram mortos todos os embriões da democracia.

A legitimidade das eleições presidenciais na Rússia e o candidato supostamente eleito não são apenas questionados pela conduta ilegal de votação na Crimeia temporariamente ocupada. Trata-se, em geral, de uma farsa política que nada tem que ver com eleições num sentido democrático desse processo. É uma escolha sem escolha, sem uma verdadeira concorrência política, sem liberdade de expressão e sem oportunidades iguais.

Então, persistindo com a violação flagrante da Carta das Nações Unidas, dos princípios e normas da Lei Internacional, a 18 de março de 2018, as autoridades de ocupação russas realizaram as eleições presidenciais nos territórios temporariamente ocupados da República Autónoma da Crimeia e da cidade de Sevastopol que fazem parte do território soberano da Ucrânia, de acordo com as suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. Tal não é de surpreender para um país que sistemática e conscientemente se opõe ao resto do mundo.

A data de 18 de março foi deliberadamente escolhida para enfatizar a política agressiva, vingativa e cínica do Kremlin.

Há quatro anos, no mesmo dia, o Presidente da Federação Russa assinou um ato criminoso, que visa a anexação ilegal da República Autónoma da Crimeia e da cidade de Sevastopol.

Durante esses quatro anos, apesar de ter vindo a cometer crimes de agressão contra a Ucrânia e a ocupar partes do seu território, a Federação Russa comete crimes contra a humanidade dirigidos à população civil dos territórios temporariamente ocupados do nosso país, incluindo assassinatos, tortura, rapto de pessoas, deslocações forçadas, deportação de população civil, discriminação étnica, coação para o alistamento em formações militares da Federação Russa e crimes contra a propriedade.

A organização e a realização das chamadas "eleições" presidenciais russas na Crimeia foi outra tentativa de legitimar a sua anexação ilegal, o que a Rússia tenta apresentar como a maior vitória do Presidente russo, embora isto, de fa?to, seja um dos maiores crimes internacionais dos nossos dias.

Os resultados dessas eleições não têm consequências legais e não são reconhecidos pela Ucrânia. Nem a "participação na votação" fixa nem o "resultado" inventado correspondem à ação real dos habitantes da península. Os dados oficiais publicados não são mais do que uma falsificação. E, de certeza absoluta, o Kremlin vai agora usá-los na guerra de informações hibridas que conduz não só contra a Ucrânia, mas também contra o mundo inteiro.

Apelando ao mundo democrático para que não reconheça os resultados das eleições ocorridas no território temporariamente ocupado da Crimeia e na cidade de Sevastopol, importa considerar a possibilidade de introduzir as devidas sanções contra aqueles que participem na organização desta farsa eleitoral na península ucraniana.

Eleições presidenciais na Crimeia apenas podem ser conduzidas para eleger o Presidente da Ucrânia, mas não o Presidente da Rússia.

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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