O futuro, o rock and roll e o punk, no segundo dia do Portugal Fashion

Luís Buchinho foi um dos destaques do segundo dia do Portugal Fashion no Porto, onde desfilaram outros criadores como Miguel Vieira e Inês Torcato.

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Desfile de Luís Buchinho Ugo Camera
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Luís Buchinho Ugo Camera
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Luís Buchinho Ugo Camera
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Miguel Vieira Ugo Camera
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Miguel Vieira Ugo Camera
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Miguel Vieira Ugo Camera
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Inês Torcato,Inês Torcato Ugo Camera
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Inês Torcato Ugo Camera
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David Catalan Ugo Camera
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David Catalan Ugo Camera

A tempestade Hugo colocou à prova a tenda gigante do Portugal Fashion, instalada no Parque da Cidade, no segundo dia de desfiles no Porto, nesta sexta-feira. O vento deu luta, mas limitou-se a servir de banda sonora à passerelle, por onde passaram nomes como Miguel Vieira, Inês Torcato e Hugo Costa.

A sala de desfiles teve a primeira enchente — de pessoas, não de água — com Luís Buchinho e o criador não desiludiu, demonstrando como se alcança o delicado equilíbrio entre um ponto de vista futurista e uma colecção moderna. Cada modelo parecia uma personagem com identidade própria saída do mesmo filme de ficção científica. Fosse esse o caso, seria da mais recente adaptação de Blade Runner, no ano 2049 — que serviu de inspiração para os materiais e silhuetas.

O criador sublinha a importância de pensar na individualidade das peças. As colecções têm de ser “coerentes na sua história global, mas depois cada figura que aparece tem de ser uma personagem distinta da outra”, comenta nos bastidores. “Porque acho que é isso que as pessoas procuram: algo que vá ao encontro delas”.

As saias e vestidos — já em si curtas — chegaram à passerelle propositadamente mais curtas. “Queria transmitir ideia de uma mulher que tivesse o seu lado sexy presente”, mas não de uma forma “óbvia” ou “gratuita”, explica. Será também uma mulher pronta para ir à luta, a julgar pelo uso de materiais resistentes e formas protectoras. Foi no grupo de manequins final que desfilaram algumas das inovações a nível de tecidos, como as malhas tricotadas trabalhadas com banhos de foil e impermeabilização. Os impactantes óculos de sol foram criados em parceria com a Ergovisão.

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Desfile de Luís Buchinho Ugo Camera

Miguel Vieira foi outro dos nomes mais conceituados a mostrar esta sexta-feira. Assumindo o espírito aventureiro do rock and roll como mote, apresentou uma colecção de homem e mulher com peças predominantemente em preto e com alguns toques de dourado e verde seco — ora longos vestidos com uma silhueta esguia, ora peças clássicas com alguns detalhes e sobreposições. Já Hugo Costa apoiou-se no movimento punk, como uma maneira de repensar as combinações de cores e de silhuetas. “Foi uma forma de reagir, de questionar os nossos valores”, explica. “Se nós não reagíssemos, acabávamos por parar”. As influências punk expressavam-se assim, de uma forma implícita, numa “explosão cromática”.

Depois de um primeiro dia dedicado aos bloomers, Inês Torcato e David Catalán — que fizeram nesta estação a transição entre a plataforma de novos talentos e o calendário regular — partilharam a passerelle, dando início às apresentações de sexta-feira. Inês Torcado pegou nos códigos clássicos da alfaiataria e daquilo que é menswear e womenswear e atirou-os ao ar. Jogou sobretudo com as “camisarias”, criando novas silhuetas, com elementos desconstruídos. Sobre o salto da marca da Bloom, a criadora comenta que a coerência entre estações é um dos factores de destaque da marca: “Desde o início mantenho sempre a mesma linguagem”, diz.

Alexandra Oliveira, a criadora da Pé de Chumbo, recriou um dos padrões mais populares da estação, através dos tecidos próprios. Chamem-lhe tartan, xadrez ou check, a verdade é que tem aparecido em quase todas as colecções para o próximo Outono/Inverno. A criadora fez os seus próprios padrões em xadrez, sobrepondo uma série de fios, unidos por uma única costura na parte de trás, e brincou com as texturas, ora mais largas, ora mais soltas.

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Pé de Chumbo DR

Uma das características marcantes da Pé de Chumbo é a criação dos próprios têxteis, mas nem sempre foi assim. “Comecei a fazer roupa como todos fazem: comprava o tecido, cortava e depois fazia o modelo. Mas depois achei que era sempre o mesmo. E eu gosto de fazer experimentação, de fazer texturas”, explica Alexandra Oliveira. Começou, então, primeiro a acrescentar algumas aplicações a certas peças e rapidamente percebeu que eram essas as que geravam mais interesse nas feiras, explica ainda. Quanto à técnica usada para o xadrez, prefere manter segredo.

O dia não se deu terminado sem as apresentações de Carla Pontes, Micaela Oliveira e a marca Meam. A 42.ª edição do Portugal Fashion termina este sábado, com os desfiles de Katty Xiomara, Luís Onofre e Diogo Miranda, entre outros.

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