União Europeia chama a Bruxelas embaixador de Moscovo em sinal de apoio a Londres

Líderes europeus concordam com o Reino Unido de que "é altamente provável" que a Rússia "é responsável" pelo ataque a ex-espião e dizem "que não há uma explicação plausível alternativa".

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Os líderes europeus reunidos em Bruxelas partilham da opinião do Reino Unido de que a Rússia é culpada pelo ataque com um agente neurotóxico a um ex-espião, em Salisbury, que pode ter sofrido danos mentais irreversíveis. Diplomatas não identificados e citados pela Reuters afirmaram que diversos países europeus estão a considerar tomar medidas retaliatórias. Até lá, em conjunto apoiam a posição de Londres tendo a Comissão Europeia chamado a Bruxelas o seu embaixador em Moscovo, o alemão Markus Ederer, como sinal de protesto.

O tema do ataque, que vitimou igualmente a filha do ex-espião Sergei Skripal, de 33 anos, foi levado pela primeira-ministra britânica Theresa May ao jantar dos líderes europeus que se encontraram para o Conselho da Primavera. E a posição conjunta europeia de apoio a um governo que está a negociar a saída da União Europeia, está a ser encarada como um reforço a May, que pediu a outros governos para expulsar os diplomatas russos dos respectivos países, à semelhança do que fez Downing Street.

Num comunicado conjunto emitido na quinta à noite, a UE afirmou que "concorda com a avaliação do Governo do Reino Unido de que é altamente provável que a Federação Russa é responsável [pelo ataque] e que não há uma explicação plausível alternativa".

Nesse texto divulgado após o jantar, os representantes europeus acrescentaram: "Manifestamos a nossa solidariedade incondicional para com o Reino Unido face a esta grave ameaça à nossa segurança comum."

Theresa May tinha acusado o Kremlin de ser responsável por este ataque que é o primeiro na Europa desde a II Guerra Mundial com recurso a um agente neurotóxico. Sergei Skripal, que foi um duplo agente russo a quem o Reino Unido concedeu asilo, e a filha deste, foram encontrados inconscientes em Salisbury a 4 de Março. Ambos continuam hospitalizados e fortemente sedados.

Londres respondeu com a expulsão de 23 diplomatas russos que se encontravam no Reino Unido, tendo Moscovo respondido com uma medida semelhante – mandou embora 23 diplomatas britânicos e obrigou a fechar o centro cultural britânico em São Petersburgo. 

À chegada a Bruxelas, May declarou: "É evidente que a ameaça russa não respeita fronteiras e que de facto o incidente em Salisbury faz parte do padrão de agressão da Rússia contra a Europa e os seus vizinhos."

França e Alemanha já tinham declarado o seu apoio à posição britânica neste confronto, tal como o aliado norte-americano em Washington. Porém, em Bruxelas, Theresa May teve de convencer outros governos apostados em soluções pacíficas para este braço de ferro, diz a Reuters, como Grécia, Hungria e Bulgária. May insistiu que deveriam culpar o Kremlin pelo ataque.

A posição saída deste encontro abre caminho para um debate sobre uma futura "acção coordenada", acrescenta a mesma agência de notícias britânica. A Presidente da Lituânia, Dalia Gribauskaite, disse que estava preparada para expulsar do país agentes secretos russos. Diplomatas citados pela Reuters, mas não identificados, acrescentaram que a Polónia admitiu o mesmo cenário.  

Pelo contrário, o primeiro-ministro eslovaco, Peter Pellegrini, afirmou que procura um "diálogo construtivo" com Moscovo, apesar do envenenamento de Skripal, que foi exposto a um agente neurotóxico produzido pela antiga União Soviética chamado Novichok.

"A União Europeia e os seus Estados-membros devem igualmente continuar a melhorar as suas capacidades de lidar com ameaças híbridas, incluindo na área do ciberespaço, da comunicação estratégica e da contra-informação", lê-se na declaração conjunta divulgada esta noite.

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