Rock in Riot – música e descontentamento contra a gentrificação de Lisboa

“Gen-tri-ficar”: enobrecer, acto de proceder à valorização imobiliária de uma zona urbana de modo a torná-la mais atraente para residentes dotados de um maior poder económico. Uma ameaça contra o qual hoje há desfile.

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Enric Vives-Rubio

Com o lema "Ocupar as Ruas, Reclamar a Cidade”, a comunidade auto-intitulada Rock in Riot vai sair este sábado à rua, das 14h às 24h, numa espécie de parada que se estende desde a Alameda D. Afonso Henriques até ao Intendente, em Lisboa. Em causa estão vários motivos, como o “sismo turístico” ao qual a cidade tem vindo a assistir, a especulação imobiliária e o aumento de despejos, que tem conduzido à expulsão das populações mais carenciadas e marginalizadas do centro histórico.

Em jogo encontra-se a total discordância com as “políticas de gestão que os poderes públicos têm feito da cidade e metrópole de Lisboa”, informa a plataforma. Criticam também o fecho de antigos clubes, “que outrora eram vividos colectivamente”, defendendo que “quando os jovens convivem em colectividades antigas, ocorre uma apropriação da cidade que vai para lá da função desta enquanto mera acumulação de negócios e infra-estrutura”.

O grupo organizou uma série de concertos de rock - que associam a um espírito revolucionário -, a cargo de grupo musicais que descerão a avenida Almirante Reis a bordo de carros alegóricos. Pretendem que “a discussão sobre a cidade desça das redes sociais e dos cafés às ruas e que estes momentos de festa e protesto constituam momentos de reapropriação de um território que pertence a quem o usa e não a quem sobre ele especula.”

Esta festa/protesto conta com actuações por parte de duas semicolcheias invertidas?, Vaiapraia e as Rainhas do Baile, PUMA, Igwana, hezbó MC, Violent Pup, entre outros nomes. Estarão presentes também vários djs, como a dupla Celeste Mariposa.

Não irão manifestar-se frente a nenhuma instituição. “O modo de acção e de protesto que defendemos escolhe a rua como primeiro objectivo. Não somos nós que temos de ir procurar a câmara municipal de Lisboa para apresentar uma série de propostas e reivindicações. Elas são óbvias e estão na boca de toda a gente que vive em Lisboa. É a própria CML que tem de procurar entender e negociar com a força que formos capazes de constituir no modo como nos reapropriamos da cidade”, defendem.

Texto editado por Ana Fernandes

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