Dois testes para a selecção e nenhum para os jogadores

Portugal defronta o Egipto na primeira de uma dupla jornada de preparação com vista ao Mundial. Fernando Santos assegura que não há dúvidas a tirar no que respeita à convocatória final.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

João Moutinho e Ricardo Quaresma. Do lote de 24 convocados por Fernando Santos para o duplo compromisso de preparação da selecção com vista ao Mundial 2018 só dois sabem o que é defrontar o Egipto. O médio do Mónaco e o extremo do Besiktas saltaram do banco no triunfo sobre a equipa africana (2-0), em Agosto de 2005, e são os únicos que hoje poderão repetir a experiência diante de um adversário que, de então para cá, tem vindo a ganhar um novo brilho internacional. Mas o que conta verdadeiramente nesta altura para o campeão europeu, é ir apurando dinâmicas e reforçando opções para o futuro, mais ou menos longínquo.

A comitiva portuguesa ainda fez um último treino na Cidade do Futebol, em Oeiras, antes de voar rumo à Suíça, onde fará os dois encontros previstos para este intervalo do calendário da FIFA. O desta noite (19h45), em Zurique, permitirá desde já ao seleccionador fazer algumas experiências, nomeadamente no sector defensivo — Rolando surge como uma forte opção para jogar ao lado de José Fonte no eixo, por exemplo, enquanto Mário Rui poderá espreitar uma oportunidade na faixa esquerda, ainda que Raphael Guerreiro tenha “prioridade”.

Seja qual for o “onze” eleito, Fernando Santos rejeita liminarmente o uso da palavra teste quando o assunto é fazer uma triagem já a pensar na convocatória final. “Não estou aqui para dissipar dúvidas. Disse aos jogadores, logo na primeira conversa que tive com eles, para desfrutarem do estágio, dos jogos. Não vai haver teste nenhum a nenhum jogador”, asseverou, em conferência de imprensa, desvalorizando também a onda de lesões que deixou de fora alguns habitués (William, Danilo, Pepe e Fábio Coentrão são os exemplos mais óbvios).

“As lesões são normais no futebol, ainda para mais nesta fase da época. Temos um lote alargado de jogadores com que contamos. Se este será o lote que estará [no Mundial], basta olhar para este grupo para ver que não. Sendo que estão aqui 24, 25 jogadores, nem todos podem estar à partida”, lembrou, sem descartar à partida Rúben Dias, apesar de admitir que gostava de avaliar o central do Benfica em contexto de selecção.

Naquele que será o quarto embate da história entre Portugal e Egipto (duas vitórias portuguesas, em 1955 e 2005, e uma africana, em 1928), o actual campeão europeu enfrentará um adversário que também estará presente no torneio na Rússia (é a terceira qualificação dos “faraós” para o Campeonato do Mundo, depois de 1934 e de 1990). Mais do que isso, a selecção orientada por Héctor Cuper tem actualmente disciplina táctica e um talento de dimensão mundial, Mohamed Salah.

O peso do avançado do Liverpool na equipa do Egipto assemelha-se ao de Cristiano Ronaldo na formação portuguesa. E embora o seleccionador de origem argentina tenha colocado a tónica na “defesa à zona” e numa organização defensiva rigorosa para travar o ataque português, segundo a imprensa egípcia há ainda dúvidas na comitiva sobre uma eventual marcação mais cerrada ao Bola de Ouro: a acontecer, será o lateral
central/médio defensivo do Al Ahly, Ahmed Fathy, o eleito para a missão.

Depois deste embate, segue-se um jogo com a Holanda, na segunda-feira, em Genebra. Cumprida essa etapa, o país desportivo fica à espera da divulgação da convocatória final para o Rússia 2018. Então sim, sem margem para testes.

 

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