Casal cuja droga foi parar ao Lidl condenado a cadeia

Juíza aconselhou dupla polaca a recorrer da sentença, para que mãe de menor fique com pena suspensa.

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Fernando Veludo /Arquivo

O casal polaco que fabricava drogas sintéticas numa casa de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche, e a expedia por correio para diversos países do mundo foi nesta quinta-feira condenado em tribunal no Campus da Justiça, em Lisboa. Com 34 anos, a arguida foi sentenciada a cinco anos e meio de prisão, enquanto o marido foi condenado a sete anos.

O casal tem uma filha menor, em cujo quarto a Polícia Judiciária também encontrou estupefacientes. “A casa tinha vestígios em todo o lado dos produtos que lá se fabricavam”, observou a juíza que leu a sentença. Grezegorz, de 40 anos, confessou tudo, o mesmo não tendo sucedido com a mulher. O tribunal concluiu que dividiam tarefas: a ele cabia-lhe produzir os estupefacientes, nos quais se incluíam quer LSD quer outras substâncias psicoactivas de uso mais recente, e anunciá-las na dark net, o ramo da internet onde se fazem negócios ilegais; já Sylvia era quem embalava o produto e ia às estações de correios despachar as encomendas e envelopes para consumidores que tanto podiam estar em França como no Canadá ou até na Albânia.

O problema foram os extravios. No remetente, a mulher colocava sempre o nome de uma empresa fictícia de chás e cafés, intitulada Lord Nelson, com morada na sede portuguesa da cadeia de supermercados Lidl, no Linhó.

Quando o endereço dos compradores estava errado, as encomendas e envelopes eram devolvidos para o supermercado, onde se começou a estranhar aquilo – apesar de parte do conteúdo das encomendas estar acondicionado em embalagens herméticas de chá e de café. Acabaram por chamar a Polícia Judiciária.

Na Primavera do ano passado as autoridades descobriram um autêntico laboratório artesanal de drogas sintéticas na casa da Atouguia da Baleia. Sem antecedentes criminais, o casal não tinha outra ocupação: dedicava-se a tempo inteiro a este negócio.

Os pagamentos eram-lhes feitos pelos clientes em bitcoins. Para converter a moeda virtual em dinheiro real recorriam a um site que lhes permitia branquear os lucros. Segundo a Polícia Judiciária, foram protagonistas da primeira apreensão de bitcoins em Portugal, num montante equivalente a 14 mil euros.

E foi a própria juíza que leu a sentença a aconselhá-los a recorrer da sua decisão de condenação – uma vez que a pena da mulher está próxima do limite máximo de cinco anos a partir da qual pode ser suspensa. “Foi uma pena terem cortado com a vossa vida anterior, em Inglaterra”, país onde trabalhavam antes de virem para Portugal, observou a magistrada. “É certo que não tinham muito dinheiro”, mas também não tinham problemas com a justiça.

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