Guardia Civil identifica todos os líderes do processo soberanista catalão

Relatório que reúne todas as provas da investigação sobre preparativos para o referendo secessionista e para a declaração unilateral de independência foi entregue ao Tribunal Supremo.

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Artur Mas é considerado o "ideólogo" da via soberanista em 2017 Andrea Comas/REUTERS

A imprensa espanhola teve acesso ao relatório final da investigação da Guardia Civil à planificação e execução do referendo soberanista catalão e da declaração de independência no parlament, ocorridos em Outubro do ano passado, e elaborou uma lista onde com as conclusões apresentadas para cada um dos supostos protagonistas.

O documento de 258 páginas foi entregue no final do mês de Fevereiro ao Tribunal Supremo e a informação nele contida baseia-se na análise de chamadas telefónicas, emails e declarações públicas de quase cinquenta pessoas, efectuadas ou proferidas nos últimos dois anos.

Parte da informação recolhida pelos investigadores poderá sustentar a eventual aplicação de medidas de coacção a seis dos processados, incluindo o novo nome apresentado pelos independentistas para presidir à Generalitat, Jordi Turullo juiz Pablo Llarena revela na sexta-feira as intenções do Supremo.

Eis os principais cabecilhas do processo soberanista catalão, de acordo com o relatório da Guardia Civil:

Carles Puigdemont

O antigo presidente do governo da Catalunha – forçado a interromper o mandato após a execução do artigo 155 da Constituição espanhola – é identificado como o “responsável máximo” do caminho secessionista. De acordo com o relatório, citado pelo El País, Carles Puigdemont “participou numa estratégia de descrédito das instituições do Estado” e “difundiu o relato independentista” por organismos e personalidades catalãs e internacionais. O ex-líder da Generalitat – auto-exilado em Bruxelas e fugido à justiça espanhola – é visto como o principal organizador do referendo ilegal do dia 1 de Outubro.

Oriol Junqueras 

O ex-vice-presidente da Generalitat e responsável pelas pastas de Economia e Finanças do governo de Puigdemont terá facilitado a canalização de 3,4 milhões para a campanha para o referendo e utilizado as estruturas governamentais para essa missão. A Guardia Civil conclui ainda que a recusa de Oriol Junqueras em convocar eleições antecipadas, o seu apoio à proclamação de independência da Catalunha e as suspeitas de delitos cometidos a partir da prisão contribuíram para “colocar em marcha os ataques e o descrédito às instituições do Estado”.

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Raul Romeva é considerado o responsável pela "internacionalização" da causa soberanista Francois Lenoir/REUTERS

Raül Romeva

Segundo o relatório, Raül Romeva foi o responsável pela “internacionalização” da causa soberanista. O responsável pela diplomacia da Generalitat terá dado instruções para lograr apoios para o referendo, fora de portas, e disponibilizado 200 mil euros para que a consulta pudesse ser acompanhada por observadores internacionais.

Jordi Sànchez

De acordo com a Guardia Civil, a mobilização de cidadãos para actos de desobediência durante o durante o dia do referendo foi coordenada em grande medida pela Assembleia Nacional Catalã (ANC) e, nomeadamente, pelo seu antigo presidente. Jordi Sànchez “foi um pilar básico na construção do processo independentista” e exerceu uma postura de “clara influência” junto de Puigdemont, refere o documento policial.

Marta Rovira

A número dois da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) foi responsabilizada pelo papel que teve na organização do referendo à independência. O relatório destaca a pressão que Marta Rovira exerceu junto dos responsáveis municipais catalães para que instalassem mesas de voto em todos os ayuntamientos da Catalunha.

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Marta Perez, da ERC, foi responsabilizada por pressionar os presidentes de câmara para instalar mesas de voto nos seus municípios MARTA PEREZ/EPA

Artur Mas

Para além do seu papel da consulta de Novembro de 2014 – que lhe valeu uma proibição de exercício de cargos públicos por desobediência – o antigo presidente da Generalitat (2010-2016) é identificado pela Guardia Civil como o ideólogo e conselheiro do caminho soberanista em 2017.

Joaquim Forn

Joaquim Forn terá sido o principal estratega do plano de desobediência dos Mossos D’Esquadra no dia do referendo. Segundo o relatório, o ex-conselheiro para o Interior “pressionou o corpo policial”, levou-o a “desobedecer” à justiça e “procurou mascarar a sua desobediência” para não ser responsabilizado judicialmente pelos seus actos.

Na lista da Guardia Civil constam ainda os nomes da ex-presidente do parlament, Carme Forcadell, do presidente do Òmnium Culturar, Jordi Cuixart, e da antiga porta-voz da CUP (Candidatura de Unidade Popular), Anna Gabriel.

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