Marcelo avisou, Governo geriu danos dos incêndios de Outubro

O Governo voltou a ficar (quase) sozinho, gerindo as críticas dos peritos sobre a gestão dos incêndios de Outubro. Marcelo abre porta a revisão da lei das matas, arrasada no relatório.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Os peritos não hesitaram na crítica: a nova lei de limpeza das matas pode ter “efeitos contrários aos desejáveis” e está "muito pouco justificada tecnicamente". E bastou isso para Marcelo abrir a porta à revisão de uma lei que trouxe muitas críticas e polémica: "Se se entender que há razões para alterar, o Presidente da República está disponível para dar apoio imediato. Há recomendações que devem ser ponderadas e que em parte vão além do que vinha no primeiro relatório", disse o Presidente.

No Parlamento, PSD e CDS uniram-se na acusação à "incompetência" do Governo na gestão dos incêndios, com os sociais-democratas a chamar os peritos para uma audição.

Conseguindo evitar uma resposta sobre as suas responsabilidades no que aconteceu, o Governo passou o dia a gerir as críticas dos peritos. De manhã, numa conferência de imprensa, e à noite na SIC, o ministro Eduardo Cabrita admitiu que o Governo "aprendeu profundamente" com o que aconteceu em 2017 e prometeu "analisar" o documento, realçando a página do documento onde se diz que as "circunstâncias" climatéricas de Outubro foram "extraordinárias" e anotando o que já está a mudar: mais prevenção, profissionalização e promessa de decisão "nos próximos dias" sobre a adjudicação meios aéreos.

Relativamente à nova lei sobre a limpeza das matas, Cabrita foi evasivo: admitiu que o Executivo pode "revisitar" as "experiências" com base numa análise mais profunda do relatório da Comissão Técnica Independente, que foi ontem entregue. E acrescentou uma leve promessa: "Teremos oportunidade de nos próximos dias aprofundar a reflexão sobre este relatório e já na próxima semana iniciar o debate sobre este tema", disse em respostas aos jornalistas.

Sobre o combate, falou apenas o presidente da Estrutura de Missão para a Instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais. Também numa conferência de imprensa na Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Oliveira reconheceu que é preciso que a prevenção e o combate aos incêndios estejam integrados e assegurou que vai “acolher e analisar” as propostas contidas no relatório técnico apresentado na terça-feira. “O relatório dá um conjunto de contribuições importantes, nomeadamente no reforço da presença do Estado à escala da gestão da floresta e da Protecção Civil”, declarou.

Tiago Oliveira apontou para maior flexibilidade, eliminando as fases de combate, implementando um novo sistema de alerta e organizando um projecto "Aldeia Segura", avisando as populações sobre como agir em caso de perigo. Sobre a organização nova da Protecção Civil, ainda não há novidades.

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