Cabrita recusa analisar decisão do Governo de não reforçar meios a tempo

O ministro da Administração Interna recusou comentar as conclusões do relatório que apontam falhas à actuação do Governo, quando ainda não era o ministro da pasta, mas admite "revisitar" e "aprofundar" decisões.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

É quarta-feira, mas o ministro diz que não vai "fazer a táctica de segunda-feira", como fazem os comentadores de futebol que avaliam os jogos de fim-de-semana, e analisar o que já aconteceu, antes de ter assumido a pasta. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, recusou por várias vezes fazer uma avaliação do que falhou a nível superior, nomeadamente no Governo, que recusou várias vezes reforços de meios pedidos pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, tal como escreveu o PÚBLICO na edição desta quarta-feira.

Numa declaração à imprensa, o ministro referiu por várias vezes o que já está a ser feito pelo Governo, na sequência dos incêndios do ano passado, e admite que o executivo pode "revisitar" as "experiências" com base numa análise mais profunda do relatório da Comissão Técnica Independente, que foi ontem entregue. Apesar de momentos antes o Presidente da República ter admitido que poderia aprovar alterações a leis já aprovadas, dando a entender que estava a falar da lei que obriga à limpeza das florestas bastante criticada no relatório, o ministro não foi mais longe do que prometer que vai "revisitar" e "aprofundar" a leitura deste relatório. "Teremos oportunidade de nos próximos dias aprofundar a reflexão sobre este relatório e já na próxima semana iniciar o debate sobre este tema", disse em respostas aos jornalistas.

Na sua declaração, Eduardo Cabrita disse que o Governo vai ser muito "exigente com as obrigações que estão na lei". Em causa está o facto de um dos incêndios, o maior que teve início na Lousã, ter sido identificada a falha com a queda de uma linha de telecomunicações. Questionado sobre esse assunto, Cabrita respondeu: "Não somos juízes. (...) Todas as entidades devem agir" em conformidade com a lei "relativamente a essa entidade e a outras entidades concessionárias do serviço público".

Na mensagem que tinha preparada, Eduardo Cabrita queria focar-se não só nas medidas que foram decididas para alterar o sistema de protecção civil como na ideia de que é preciso continuar com o esforço de prevenção. "A melhor forma de estarmos prontos para o combate é a de nos centrarmos na prevenção", defendeu. "É uma mudança estrutural profunda que a sociedade portuguesa interiorizou".

Aos jornalistas, o ministro informou ainda que recebeu esta semana o relatório final do grupo de trabalho que está a desenhar as regras da passagem da gestão dos meios aéreos para a Força Aérea Portuguesa, sem, no entanto, revelar as conclusões ou sequer quando vai o Governo tomar uma decisão. Certo é que, para este ano, a competência de gestão dos meios aéreos ainda vai pertencer à Autoridade Nacional de Protecção Civil, com o apoio dos militares na prevenção?. 

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