O elevador ou a escada, para subir e para descer

São vários os exemplos de jogadores que treinam nas equipas principais e, ocasionalmente, dão uma ajuda na equipas B.

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Rui Vitória LUSA/JOSÉ COELHO

Em mais de uma ocasião, o treinador da equipa B do Benfica, Hélder Cristóvão, usou um elevador como metáfora para referir-se ao conjunto que orienta, como se os jogadores projectados para a equipa A estivessem a subir a um piso superior – o que levanta outros problemas. “Este elevador funciona desta forma, mas não é fácil com um treino de véspera colocar os jogadores a jogar como nós queremos. Nós temos uma identidade e eles sabem o processo, mas é complicado não jogar sempre com o mesmo onze”, lamentou o técnico. Rui Vitória, por seu lado, prefere outra metáfora: “Nós é mais a escada, que dá mais trabalho. Se eles (os jogadores) souberem subir as escadas, podem ter um futuro risonho.”

Tanto o elevador como a escada funcionam metaforicamente – e funcionam também no sentido ascendente e descendente. Daí que já não seja surpreendente ver jogadores dos plantéis principais a actuarem nas equipas B quando os clubes entendem que tal é necessário. Os regulamentos não impedem a circulação de jogadores, dentro de determinadas condicionantes: “Os clubes podem inscrever na ficha técnica dos jogos a disputar pelas equipas B: jogadores, aptos a competir na categoria sénior, com idades compreendidas entre os 16 e os 23 anos; um sem limite etário”, pode ler-se no regulamento de inscrição e participação de equipas B.

Há vários exemplos desta época. O FC Porto B, a mais bem classificada das equipas secundárias, contou no início do mês, para a visita ao Cova da Piedade (2-2), com Hernâni e Paulinho. Este, contratado em Janeiro ao Portimonense, jogou os 90’ e fez as assistências para os dois golos. No Benfica B, o internacional sub-21 eslovaco Martin Chrien, que começou a temporada na equipa principal (foi suplente utilizado na terceira jornada e na terceira eliminatória da Taça de Portugal), já conta 12 partidas às ordens de Hélder Cristóvão. Pedro Pereira ou Hermes, outros jogadores da equipa A – e que entretanto saíram por empréstimo – também alinharam pela equipa B. O Sporting B (que será extinto com a entrada dos “leões” no campeonato sub-23) contou com Tobias Figueiredo, João Palhinha e Iuri Medeiros, embora só em jogos contra outras equipas B.

Coloca-se a questão da integridade da competição. “As regras podem definir que esses jogadores numa semana jogam contra um adversário, depois, por lesões na equipa A, vão acima e já não jogam contra outra equipa que possa estar a disputar lugares com o primeiro adversário”, notou ao PÚBLICO o treinador Paulo Alves, cujo percurso profissional contempla vários anos a orientar clubes na II Liga. “A consistência da equipa B não é a mesma de semana para semana. Devia-se definir melhor as regras, para que não haja tanta diferença. Mas todos aceitaram os regulamentos e não há muito que se possa fazer em relação a isso”, vincou.

As restantes equipas da II Liga também estão obrigadas pelos regulamentos a incluir determinado número de jogadores jovens: na época 2017-18 são requeridos na ficha de cada jogo dois jogadores seniores até 23 anos.

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