Propostas do Governo dividem instituições de ensino superior

Universidades sem posição comum depois de reunião entre reitores. Politécnicos fazem avaliação positiva das medidas.

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Terminou sem uma posição conjunta a reunião desta terça-feira entre os reitores das universidades portuguesas, que tinha sido marcada para avaliar as medidas para o sector propostas no último mês pelo Governo. Entre os politécnicos, essas soluções são consideradas “positivas”.

Em vez de uma posição conjunta, cada universidade vai enviar o seu próprio contributo sobre propostas como a autorização de doutoramentos nos politécnicos ou a redução do número de mestrados integrados, que foram aprovadas no Conselho de Ministros no mês passado.

O presidente do Conselho de Reitores recusa a ideia de que não tenha havido convergência no interior daquele órgão – “São mais as questões que nos aproximam do que as que nos separam”, comenta ao PÚBLICO, António Fontainhas Fernandes.

Todavia, a falta de uma posição conjunta demonstra as divergências existentes, sobretudo entre as universidades de Lisboa e do Porto e as do resto do país. Para isso em muito contribui a proposta de redução de 1100 vagas nas instituições públicas das duas principais cidades. “A unanimidade que há sobre esta matéria é que existe um problema nacional de fortes assimetrias regionais”, afirma Fontainhas Fernandes.

A medida é vista como “positiva” pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que tinha reunido na passada sexta-feira para apreciar o mesmo pacote legislativo. “É uma forma de sublinhar que há qualidade nas instituições de ensino superior fora dos grandes centros”, defende o presidente daquele órgão, Nuno Mangas, que é presidente do Politécnico de Leiria.

O CCISP reconhece, no entanto, que a medida por si só não é suficiente e deve ser acompanhada por outras, como o pagamento antecipado das bolsas do programa Mais Superior, um complemento de 100 euros mensais destinado aos estudantes que frequentem instituições no interior do país.

Enquanto as universidades têm posições divergentes no que toca à proposta que prevê a autorização dos doutoramentos em institutos politécnicos, o CCISP valoriza a medida que “vem no sentido que vinha sendo defendido pelos politécnicos”. O facto de, ao mesmo tempo, se tornarem ainda mais exigentes as condições para que seja aprovado um doutoramento e aliar essa possibilidade à capacidade científica das instituições são “dois passos positivos para o sector”, avalia Nuno Mangas.

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