“Será impossível dividir a China”, diz Xi

No final do Congresso que o aclamou como o mais influente líder desde Mao, Xi Jinping lançou avisos sérios a Taiwan e Hong Kong.

Xi Jinping durante o seu discurso
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Xi Jinping durante o seu discurso EPA/ROMAN PILIPEY
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Reuters/DAMIR SAGOLJ

Com o mandato reforçado e entronizado oficialmente como o mais preponderante líder da China nas últimas décadas, Xi Jinping reservou o discurso de encerramento do Congresso Nacional do Povo para deixar um recado muito forte a Taiwan e Hong Kong, especialmente aos movimentos independentistas.

“O povo chinês partilha a crença comum de que nunca será permitido e será absolutamente impossível separar qualquer centímetro do território do nosso grande país da China”, afirmou Xi.

Pequim considera Taiwan parte integrante do seu território e defende a “reunificação pacífica” da ilha para onde fugiram os nacionalistas, após a derrota na guerra civil em 1949. Foi lá que o Kuomintang fundou a República da China, que reivindica a China continental. Porém, as eleições de 2016 deram a vitória ao Partido Democrático Progressista, defensor da independência do território.

A Presidente Tsai Ing-wen já garantiu que não irá declarar a independência de Taiwan de forma unilateral, mas o Partido Comunista Chinês receia que o desejo para reverter o status quo continue a aumentar.

“Quaisquer acções ou truques para dividir a China estão condenados ao falhanço e irão acabar por condenar os seus responsáveis a enfrentar a punição da história”, declarou Xi perante os congressistas.

Na semana passada, o Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto legislativo que autoriza encontros oficiais entre responsáveis norte-americanos e taiwaneses. O Governo chinês manifestou o seu descontentamento com a medida e Xi também a terá tido em mente durante o discurso. Apesar de serem o principal garante da segurança de Taiwan, os EUA não reconhecem formalmente a República da China – as relações existentes são informais – e defendem o princípio conhecido como “uma só China”.

Pequim também enfrenta movimentos separatistas dentro do próprio território, como no Tibete e em Xinjiang.

Outra grande preocupação para a liderança chinesa é a contestação crescente em Hong Kong, território de administração especial onde Pequim detém soberania, tal como Macau. Xi garantiu que a autonomia do antigo território britânico será assegurada, mas deixou apelos para que se promova a “consciência nacional e o espírito patriótico”.

Xi Jinping chega ao final da sessão conjunta do Congresso Nacional do Povo como o mais influente líder chinês desde Mao Tsetung, o fundador da República Popular. Os congressistas aprovaram a proposta de alteração à Constituição que acaba com o limite de dois mandatos consecutivos para o Presidente e vice-Presidente e também a inclusão do “pensamento de Xi Jinping” no preâmbulo do texto constitucional.

Foi aprovada uma remodelação governamental, que incluiu a subida de Wang Qishan, um dos principais aliados do Presidente, ao posto de vice-Presidente. À frente da comissão de disciplina, Wang liderou a campanha anti-corrupção que atingiu mais de um milhão de quadros do partido.

Depois de um primeiro mandato em que consolidou o seu poder no topo da hierarquia do Estado e afastou as vozes críticas, Xi pretende agora levar a China a assumir mais protagonismo na arena internacional.

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