Autores do ataque com sarin no metro de Tóquio podem ser executados a qualquer momento

Transferência de sete dos 13 membros da seita apocalíptica Aum Shinrikyo para outra prisão prenuncia aplicação iminente da pena de morte.

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Shoko Asahara, o líder da seita, na primeira página de um jornal japonês Reuters

Vinte e três anos volvidos do ataque com gás sarin no metro de Tóquio, que matou 13 pessoas e afectou a saúde de milhares, a justiça japonesa vai avançar para a aplicação da pena de morte aos seus responsáveis. A comunicação social japonesa encara a transferência recente de sete dos 13 condenados para um outro estabelecimento prisional como um sinal claro de que a sua execução por enforcamento pode acontecer a qualquer momento.

Os culpados pertencem à Aum Shinrikyo (Verdade Suprema), uma seita japonesa que professa um culto apocalíptico. Doze deles estiveram directamente envolvidos no ataque de 1995 na capital do Japão – rebentaram sacos de gás sarin liquidificado em cinco carruagens do veículo –, mas também noutros crimes. No total, foram responsáveis pela morte de 27 pessoas. O 13.º elemento do grupo condenado à pena capital não participou directamente nas agressões, mas concebeu-as e ordenou-as. Trata-se de Shoko Asahara, o líder da seita.

É difícil saber exactamente a data da execução, uma vez que a aplicação da pena capital no Japão é envolta num clima de quase total secretismo. Em muitos casos, escreve o Guardian, os condenados são informados sobre a sua própria execução poucas horas antes de ela acontecer e os seus familiares só depois de aquela ter ocorrido.

A Amnistia Internacional já reagiu à possibilidade de os envolvidos no ataque de 1995 poderem ser executados nos próximos dias. A organização acusa o Governo japonês de “cinismo”, por querer apressar estes casos antes da mudança de imperador em 2019 e dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, alturas em que o Japão estará debaixo do foco da atenção internacional. Para além disso, não crê que a pena de morte seja a forma mais acertada de justiça.

“O traço distintivo de uma sociedade civilizada é o reconhecimento dos direitos de todos os indivíduos, mesmo daqueles responsáveis por crimes hediondos. A pena de morte nunca oferecerá justiça e é a derradeira negação dos direitos humanos”, defende Hirola Shoji, investigador da organização para a Ásia Oriental.

Shizue Takahashi, viúva de uma das vítimas do ataque da Verdade Suprema tem outra opinião e, citada pela Associated Press, remete para a aplicação da lei: “Parece que o processo legal entrou na fase seguinte. Espero que [as execuções] sejam levadas a cabo, de acordo com a lei”.

O recorde de prisioneiros executados num só ano no Japão remete a 2008 – 15 execuções. A iminência da execução de 13 prisioneiros, avançada pelos media japoneses, pode colocar esse registo em causa, se for acompanhada por outras aplicações da pena capital durante o ano de 2018.

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