Um curso para aprender a comer tudo e a escrever sobre isso

Quer ser um crítico gastronómico? Ou apenas saber escrever sobre o que come (e, já agora, fotografar como deve ser)? O jornalista Ricardo Dias Felner criou um curso para dar todos os instrumentos necessários ao sucesso do foodie-escritor.

Foto
Nelson Garrido

Neste caso não é sem, é mesmo com Papas na Língua, o que quer dizer que, a certa altura, se vai comer qualquer coisa. É este o nome que o jornalista Ricardo Dias Felner – ex-director editorial da Time Out Lisboa, e também conhecido como O Homem Que Comia Tudo, o nome do seu blogue – escolheu para o curso de escrita e cultura gastronómica que vai dar entre 3 e 21 de Abril (terças, sextas e sábados em horário pós-laboral) na agência criativa The Hotel, em Lisboa.

Ricardo não vai estar sozinho, até porque, como se verá a seguir, o programa é ambicioso. Com ele estará o fotógrafo Jorge Simão e, para além de uma sessão com Ljubomir Stanisic, do 100 Maneiras, haverá várias saídas de campo, com explorações gastronómicas, que vão de uma visita ao Mercado de Alvalade a um jantar no restaurante Atelier, de Henrique Sá Pessoa, e outro no Prado, passando por um almoço num restaurante chinês clandestino na zona do Martim Moniz e outro na tasca Zé dos Cornos.

Mas, antes de chegarem à fase da comida, os participantes no curso – as inscrições podem ser feitas no site https://papasnalingua.com (limitado a 12 vagas, e com um custo de 950€ com as refeições incluídas) – terão alguma teoria. No primeiro módulo, dia 3 de Abril, entre as 19h e as 22, haverá uma “breve história da escrita gastronómica portuguesa, de Domingos Rodrigues, passando por Eça, Camilo e Júlio Dinis, Maria de Lourdes Modesto, até José Quitério”, uma “breve história da escrita gastronómica mundial, de Jean Anthelme Brillat-Savarin a Jonathan Gold”, e ainda passagem por “receitas, memórias, reportagens de viagem, provas cegas e entrevistas” e “cursos de cozinha, workshops, livros clássicos e enciclopédias obrigatórias”.

A 6 de Abril ensina-se que “escrever bem sobre comida é escrever bem” e passam-se em revista diversos géneros literários. É nesse dia que está prevista a sessão com Ljubomir. No dia seguinte fala-se sobre “fazer amigos entre os profissionais” e sai-se para a rua (é o dia do almoço no chinês clandestino). Mas, como não basta escrever, é bom publicar, a 10 de Abril há uma visita à revista Time Out e no dia 13 passa-se à prática escrevendo uma crítica gastronómica depois de um jantar no restaurante Atelier.

Fundamentais (cada vez mais) são as fotografias, pelo que dia 14 será a vez de Jorge Simão ensinar como fotografar, com telemóvel e câmara, e como fazer produção em estúdio. Dia 17 é dedicado ao tema da ética na escrita gastronómica e a 20 e 21 falar-se-á sobre tendências nas sessões: “Os netos de Adrià. O farm to table ou o regresso à cozinha dos avós” (com jantar no restaurante Prado) e “Os filhos de Adrià. A ciência na alta cozinha”, com uma visita ao laboratório de cozinha do restaurante Loco.

O desafio final é “criar uma receita original e escrever sobre ela”. No site, Ricardo explica ainda que o curso destina-se a todos os que querem ser bloguers, tanto os “amadores que querem ser profissionais” como os “amadores que querem ser amadores”, mas também a assessores de imprensa, copys de agências de comunicação, jornalistas especializados e críticos de restaurantes, chefs que querem escrever sobre o que cozinham, produtores do sector “em busca de verve e inspiração”, “nutricionistas interessados em publicar livros de dietas” e, por fim, “foodies, gastrónomos, comilões em geral”.

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