UCI vai utilizar raios X para detectar doping mecânico

A tecnologia será usada nas principais provas velocipédicas para detectar e penalizar a utilização de motores nas bicicletas

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A UCI vai tentar combater o doping mecânico KENZO TRIBOUILLARD/Reuters

A União Ciclista Internacional (UCI) vai anunciar nesta quarta-feira, em conferência de imprensa, que irá utilizar nas suas principais provas velocipédicas camiões equipados com raios X, com o objectivo de detectar e penalizar a utilização de motores nas bicicletas, conhecido como doping mecânico. Segundo a agência Reuters, a tecnologia será colocada em prática nas Voltas à França, à Espanha e a Itália, para além das cinco principais provas clássicas – competições de apenas um dia.

Desacreditado durante as últimas décadas devido a sucessivos escândalos de doping fisiológico que envolveram os seus mais reputados protagonistas, o ciclismo viu-se confrontando nos anos mais recentes com mais um escândalo que abalou a sua reputação: o doping mecânico. A presença dos motores nas provas velocipédicas foi detectada pela primeira vez no início de 2016, no Campeonato do Mundo de ciclocrosse, na bicicleta da ciclista belga sub-23 Femke Van den Driessche. Desde então, têm surgido vários relatos da possível utilização, no presente e no passado, de motores ocultos que, segundo Istvan Varjas, o engenheiro húngaro considerado o cérebro da invenção do doping mecânico, pode dar a um ciclista uma vantagem de 15 segundos sobre os rivais.

Varjas, em entrevista ao diário francês Le Monde no final de 2016, começou a levantar a ponta do véu sobre o esquema, apelidado pela UCI de “fraude tecnológica”, revelando que “para saber quem usa motor, é preciso olhar para a cadência” das rodas. “Os pequenos motores trabalham melhor com uma cadência de pedalada maior. Podem ser controlados desde o carro da equipa e o corredor nem ter consciência de que tem um motor. Poderá sentir que está a ter um bom dia. O modelo está desenhado para altas velocidades, para os contra-relógios”, explicou na altura o engenheiro magiar, que contou que o ex-treinador de Lance Armstrong, o médico Michele Ferrari, o visitou em 2013 para conhecer a tecnologia e as implicações do doping mecânico.

Mais de dois anos depois das revelações de Istvan Varjas, a UCI prepara-se para apresentar as primeiras medidas para acabar com a “fraude tecnológica”, combate que o organismo, desde que o francês David Lappartient assumiu em Setembro a sua presidência, definiu como “prioritário”. Antes de o antigo presidente da Federação Francesa de Ciclismo assumir a liderança da UCI, o organismo utilizava um scanner de ressonância magnética que detecta campos magnéticos e objectos ou componentes escondidos, tecnologia criticadas por muitos ciclistas por ser considerada “pouco efectiva”.

 

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