Os 16 tons de Kim Kardashian não são para todos

Antes do lançamento da nova linha de maquilhagem, a reality star vê-se envolvida numa polémica devido à falta de diversidade de cores.

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Instagram, @kkwbeauty

A nova linha de maquilhagem de Kim Kardashian será lançada no final da semana, mas já está envolta em controvérsia, devido ao leque de tons disponíveis. Na sexta-feira, a conta de Twitter oficial da marca (KKW Beauty) partilhou a imagem de uma modelo com as 16 cores do creme anti-olheiras disponíveis pintadas no braço.

O problema, apontam vários comentários, é que pouco ou nenhum parece aproximar-se do tom de pele da modelo. Por contraste, aponta uma utilizadora, "os três primeiros parecem a mesma cor". Mais problemático ainda, queixam-se outros, é o facto de terem usado uma modelo com um tom de pele mais escuro para demonstrar uma "diversidade" que não existe.

A modelo em questão, Mouna Fadiga, respondeu às críticas, num comentário de Instagram: "Posso dizer-vos que eles não me escolheram apenas para fingir. Estava a usar a maquilhagem e combinava perfeitamente com a cor da minha pele." Apesar de não ter comentado directamente a polémica, a marca parece querer dar a entender, nos mais recentes posts de Instagram, que os tons estão, na verdade distribuídos de forma uniforme, dividindo as amostras em três publicações diferentes. "16 tons de cobertura total de anti-olheiras. 4 claros, 4 médios, 4 escuros e 4 tons escuros profundos", escreve Kim Kardashian, na sua conta de Instagram.

Disto isto, a possibilidade de que a imagem da modelo negra não passe de uma manobra de publicidade para gerar atenção para o lançamento da nova marca de Kim Kardashian é bem real. O próprio posicionamento do braço da modelo, com os tons mais claros e contrastantes em primeiro plano, parece suspeito. Ainda assim, chama a atenção para um tema que evidentemente merece ser discutido.

As expectativas da linha de maquilhagem da reality star – mesmo da parte dos seus fãs – eram outras, sobretudo numa era pós-Fenty Beauty, a marca de cosméticos lançada em Setembro do ano passado por Rihanna, que foi aplaudida pela diversidade dos tons de pele disponíveis. "A Fenty Beauty foi criada para todos: para mulheres de todas as cores, personalidades, atitudes, culturas e raças. Queria que toda a gente se sentisse incluída. É essa a verdadeira razão pela qual criei esta linha", escreve a cantora, na apresentação do site.

O estrondoso sucesso da linha "desafiou a noção de que o mercado para tons mais escuros não é rentável para as empresas cosméticas", aponta a Vox. Logo após o lançamento, as cores mais escuras esgotaram rapidamente.

A linha de maquilhagem tem, por exemplo, 40 tons de cores de pele disponíveis. Mas não é, de longe, a primeira marca a fazê-lo. A base Ultra HD da Make Up Forever, por exemplo, tem o mesmo número de tons disponíveis e a Cover Girl tem uma linha inteiramente dedicada a produtos para tons de pele mais escura, a Queen Collection. Também marcas tão conhecidas quanto a L'Oréal, Estée Lauder e Bobbi Brown oferecem algumas dezenas de cores. O sucesso da Fenty Beauty, aponta no entanto para uma questão que vai além do número de cores disponíveis: a própria comunicação da marca celebra de uma forma especial a diversidade de tons de pele – quer nas redes sociais, quer nas próprias páginas de produto, onde aparecem 40 modelos para mostrar os respectivos tons dos produtos.

Ainda assim, aquilo que se verifica frequentemente nas marcas de maquilhagem é, por um lado, a falta de cores mais escuras e, por outro, a diversidade de tons mesmo nos casos em que as oferecem. Ou seja, um contraste evidente entre a (maior) variedade de tons mais claros e de tons mais escuros. E este é um factor importante, dado que para que uma base ou um anti-olheiras corresponda acertadamente uma pessoa, há que ter em conta não apenas o gradiente da cor em si mas os sub-tons da sua pele. Existem três: quente, frio e neutro.

Num dos casos mais recentes e controversos, a marca Tarte foi chacinada nas redes sociais após o lançamento de uma nova base. Apesar de ter 15 tons de pele, a escolha para peles mais escuras é mais limitada. "Perdemos a noção sobre o que é realmente importante nesta indústria e àqueles que se sentem alienados na nossa comunidade, queremos pedir desculpa pessoalmente", escreveu a empresa numa Instagram story. Desde então mudou a variedade de tons disponíveis para 18.

"Fizeste mesmo isto em 2018?", questiona com indignação Patricia Bright, dirigindo-se à marca, através dos seus dois milhões de seguidores no Youtube. "O que aconteceu é que a Tarte lançou 50 sombras de bege" e "há três cores para as mulheres com pele mais escuras", descreve a youtuber. "Estou entediada e não impressionada". A verdade é que a polémica acabou por dar mais visibilidade à novidade da marca, lamenta ainda.

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