"Rio perdeu oportunidade de autoridade e de liderança", avisa Marques Mendes

No seu comentário semanal, o antigo líder do PSD defendeu que "enquanto Rui Rio não tiver causas para apresentar vai ter casos" e se não fizer "oposição a sério vai ter divisões" dentro do partido. Rio pode ter dado cabo da "imagem de seriedade e de pessoa de princípios" com o caso de Feliciano Barreiras Duarte.

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Rui Rio José Coelho/Lusa

Ao permitir que a polémica de Feliciano Barreiras Duarte se arrastasse durante uma semana, Rui Rio deixou-se "queimar em lume brando" e pode ter "dado cabo do melhor que tem: a sua imagem de seriedade e de pessoa de princípios". O aviso foi deixado este domingo à noite por Luís Marques Mendes no seu comentário semanal no Jornal da Noite da SIC, que afirmou mesmo que Rui Rio "perdeu a oportunidade de um exercício de autoridade e de liderança" ao não forçar a saída do secretário-geral do partido mais cedo.

Foi uma "novela inqualificável e indecifrável" aquela que acompanhou Feliciano Barreiras Duarte e o PSD durante toda esta semana e que culminou com o seu pedido de demissão neste domingo, apontou Marques Mendes. E considerou que quando Manuel Castro Almeida disse em entrevista à Antena 1 que o caso já estava a "durar algum tempo" e não podia durar "muito", o fazia por indicação de Rui Rio.

O antigo líder do PSD considerou que a "responsabilidade" de todo o episódio do currículo com informações erradas sobre o estatuto de investigador visitante de Feliciano na Universidade da Califórnia é exclusivamente do deputado, que "já se devia ter demitido há dias" e não apenas este domingo ao início da noite. "É uma saloíce (...) Aldrabou o currículo; escusa de se desculpar com a comunicação social", criticou Marques Mendes.

"Já não tinha condições nenhumas para o cargo, nem aparecia publicamente" e estava a "criar um prejuízo sério ao partido e a Rui Rio." Marques Mendes diz ser "estranho" que o presidente do PSD tenha permitido o arrastar da situação. "Está-se a deixar queimar em lume brando e a culpa é só dele (...) Fica a sensação de que estava condicionado", acrescenta, sobre Rio.

Mendes afirma mesmo que Rui Rio não terá percebido que devia ter resolvido o caso rapidamente porque "compactuar com isto dias a fio dá cabo do melhor que ele tem: a sua imagem de seriedade e de pessoa de princípios", de "pessoa corajosa, que corta a direito". "Falou de um banho de ética mas aqui não fez nada (...) Apregoar ética para os outros é fácil; praticá-la na própria casa..."

O antigo presidente do PSD avisa que as dificuldades podem não ficar por aqui. "Enquanto não tiver causas para apresentar vai ter casos; enquanto não tiver iniciativa política vai ter polémicas; enquanto não fizer oposição a sério vai ter divisão no partido." Enquanto isso, realça, "António Costa assiste do palanque; é tudo a seu favor", e a prova é a sondagem desta sexta-feira que dá ao PS uma larga distância em relação aos sociais-democratas apesar de uma recuperação do PSD nas intenções de voto.

Rio deve, por isso, "preocupar-se", sobretudo com os "eleitores moderados" – são os que vão fugir para o PS porque "preferem António Costa sozinho do que com a geringonça", aconselha Luís Marques Mendes.

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