Palavras, expressões e algumas irritações: Universo

No caso de Stephen Hawking, as definições de “Universo” e “universo” misturam-se. O seu “universo” era o “Universo”. E partilhou-o connosco, aproximando da física e da ciência muitos de nós. Porque nos convidou a olhar para o céu e a contemplar as estrelas

De entre as várias definições encontradas para “Universo”, gostamos particularmente desta: “Conjunto de todos os mundos (estrelas, planetas e cometas) existentes no espaço; o sistema do mundo, o mundo.”

Mas podíamos optar por outra, igualmente abrangente e a lembrar o físico Stephen Hawking, que morreu na passada quarta-feira, aos 76 anos: “Tudo quanto existe no espaço e no tempo. Todo, inteiro. O mesmo que universal.”

Com inicial minúscula, “universo” traduz-se no “meio em que se vive, se actua ou se gosta de estar”.

No caso do cientista da actualidade mais conhecido em todo o mundo, as duas definições misturam-se. O seu “universo” era o “Universo”. E partilhou-o connosco, aproximando da física e da ciência muitos de nós. Porque nos convidou a olhar para o céu e a contemplar as estrelas.

“Uma pop star”, uma “espécie de Lady Gaga da física”, disse o também físico Carlos Fiolhais, que lembrou ainda que a sua grande lição foi ensinar-nos a “ignorar o fim”. Um fim que lhes esteve destinado durante mais de 50 anos e que o levou a dizer em 2004: “As minhas expectativas foram reduzidas a zero quando tinha 21 anos. Desde aí, tudo tem sido um bónus.” Aproveitou-o.

Não podemos deixar de admirar o seu sentido de humor, tantas vezes desconcertante: “O problema da minha fama é que não posso ir a lado nenhum sem ser reconhecido. Não me basta pôr uns óculos de sol e uma peruca, a cadeira de rodas denuncia-me” (2006, em entrevista a uma televisão israelita).

E é comovente rever a sua alegria quando por instantes se pôde libertar da cadeira e viver a experiência de gravidade zero com a colaboração da Estação Espacial Internacional. Sentiu que voava “como o Super-Homem”.

Uma criança inquietou-se com o escuro da noite e disse: “Alguém apagou o céu.” Stephen Hawking iluminou-o.

Foto
Eduardo Salavisa

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações, assim como a Semana ilustrada encontram-se publicadas no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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