Casos confirmados de sarampo sobem para 36 entre 87 casos suspeitos

Este é o terceiro surto da doença em Portugal no período de um ano.

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A DGS recomenda a vacinação, lembrando que se trata de "uma das doenças infecciosas mais contagiosas" Reuters/LUCY NICHOLSON

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) actualizou neste sábado os dados relativos ao surto de sarampo na região Norte do país: ao todo, são já 36 os casos confirmados num universo de 87 casos suspeitos. Dos 36 casos, 28 dizem respeito a profissionais de saúde. As novas informações foram publicadas pela DGS no boletim epidemiológico do sarampo neste sábado. 

O comunicado divulgado pela DGS refere que até às 18h de sábado "foram reportados, na Região Norte, 87 casos suspeitos de sarampo, a maioria dos quais com ligação ao Hospital de Santo António, no Porto". "Dos 87 casos reportados, 36 foram confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e 25 foram infirmados; os restantes 26 casos aguardam resultado laboratorial", segundo o comunicado que indica ainda que "todos os casos reportados são adultos, estando um internado em situação clínica estável".

Na sexta-feira, a DGS tinha reportado 25 casos confirmados de sarampo, num universo de 72 casos suspeitos, depois de na quarta-feira ter sido declarada a "existência de um surto". Ainda segundo o comunicado divulgado pela DGS, até às 12h de sábado, foram administradas 890 doses de vacina VASPR (sarampo, parotidite e rubéola) a profissionais do Hospital de Santo António.

"Está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos", acrescenta a DGS, recordando que o vírus do sarampo é transmitido por contacto directo com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar, quando a pessoa infectada tosse ou espirra.

"Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea. Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois da pessoa ser infectada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal", descreve a autoridade da área da saúde.

Adianta que, em conjunto com a rede de Autoridades de Saúde, em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e com os profissionais de saúde, está a ser acompanhada a evolução da situação "de acordo com o previsto no Plano de Contingência".

Vacinação é recomendada

No comunicado divulgado, a DGS recomenda que as pessoas verifiquem os boletins de vacinas e que, caso seja necessário, se vacinem contra o sarampo, recordando tratar-se de "uma das doenças infecciosas mais contagiosas podendo provocar doença grave, principalmente em pessoas não vacinadas".

No caso de pessoas vacinadas, "a doença pode, eventualmente, surgir, mas com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso", enquanto as pessoas que já tiveram sarampo "estão imunizadas e não voltarão a ter". A DGS aconselha ainda a "quem esteve em contacto com um caso suspeito de sarampo e tem dúvidas" que ligue para a Linha Saúde 24 (número 808 24 24 24).

Deve também ligar para aquela linha quem tiver "sintomas sugestivos de sarampo (febre, erupção cutânea, conjuntivite, congestão nasal, tosse)". Com esses sintomas, a DGS recomenda que "não se desloque e evite o contacto com outros".

Menos de dois anos depois de Portugal ser reconhecido oficialmente como estando livre de sarampo, o país depara-se com o terceiro surto da doença no período de um ano.

Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.

Entre 2006 e 2014, Portugal tinha registado apenas 19 casos de sarampo, quase todos importados. Este ano e no ano passado já ultrapassou os casos registados em quase uma década. Portugal teve dois surtos simultâneos em 2017, que infectaram quase 30 pessoas e levaram à morte de uma jovem de 17 anos.

O sarampo é uma doença grave, para a qual existe vacina, contudo, o Centro Europeu de Controlo de Doenças estima que haja uma elevada incidência de casos em crianças menores de um ano de idade, que ainda são muito novas para receber a primeira dose da vacina. Daí que reforce a importância de todos os outros grupos estarem vacinados, de forma a que não apanhem nem transmitam a doença.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje, em Lisboa, que, apesar de não ser obrigatória, a vacinação é "fundamental", apelando a que os portugueses façam a vacina contra o sarampo, sobretudo as crianças e os jovens. Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.

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