Cartas ao director

Marielle Franco

A primeira vez que tive conhecimento do activismo politico-social de Marielle Franco, em 2016, foi imediata a sensação de estar perante uma das melhores políticas da História. Pragmática e afectuosa, apresentando-se como "mulher, negra, lésbica, favelada", mostrou ao mundo a inteligência e bondade que nasce quando se participa em múltiplas iniciativas da sociedade, dentro e fora das instituições políticas. Desde o autocarro que deve parar fora da paragem, para diminuir o risco de violência sobre as mulheres, até à denúncia do genocídio da população negra praticado pela polícia militar do Rio de Janeiro, ou, como no dia do seu assassinato, participando contra o racismo num encontro de mulheres negras sobre activismo e empreendorismo, lá estava Marielle com o sorriso Franco de quem está no lado certo da luta.
Na praça do Chiado éramos centenas juntos na dor pela morte de Marielle, mulher rara, entusiasmada e contagiante (como sempre, houve momentos de confragedora "branquitude",  não era dia de "fora Temer", não se ouviu nenhuma negra ou negro a mencionar o impeachment, ao contrário da maioria dos brancos que não resistiram a fazer a sua política, remetendo Marielle para a invisibilidade...  e a a organização feminista UMA falou como se fosse o mesmo ser negra ou branca...)
Marielle de rosto autêntico, positiva e lutadora, participativa e colaboradora, fica para sempre a luz que impede o silêncio das opressões constantes da "mulher, negra, lésbica, favelada", ou a prisão da vítima no estatuto do sofrimento. Lutou, sorriu e venceu. Hoje é dia de sofrer a tua morte e pensar em ti, Marielle Franco.

Manuel Magalhães, Lisboa

 

Limpeza das florestas: prazos, são prazos?

Limpeza de matos. Multa duplicadas! Grande alarido durante semanas. Tem de ser, é um desígnio nacional, um imperativo moral, uma necessidade de segurança, os matos têm de ser limpos. Até 15 de Março, ou é tudo corrido a multa! Chegado o dia 15, que faz o Governo? Afinal não há pressa, até Junho serve.

Portanto, os cidadãos mais cumpridores tiveram esforço e custos redobrados ou triplicados para cumprir o prazo. Muitos pagaram serviços de limpeza inflacionados devido a uma subida súbita da procura. Afinal o prazo não era a sério... Alguém se admira que em Portugal não se cumpram prazos? Eu não. As lições são claras: os prazos não são a sério. O Governo mostra total incompetência nesta matéria: se o prazo não é a sério, não se marque, se é a sério, cumpra-se, se não se conhece a situação, não invente. O Governo confirma aos cidadão o que já se sabe há muito: o que é bom é não cumprir, que com sorte a coisa passa.

Ricardo André, Lousa

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