O “cholismo” de Diego Simeone estará em exibição em Alvalade

Sorteio dos quartos-de-final da Liga Europa colocou a equipa teoricamente mais difícil no caminho do Sporting. O primeiro duelo entre Atlético de Madrid e “leões” será na capital espanhola

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Diego Simeone Reuters Staff

A 23 de Fevereiro, quando o sorteio dos oitavos-de-final da Liga Europa ditou que o adversário do Sporting seria o Viktoria Plzen, poucos sportinguistas terão conseguido evitar um sorriso. Teoricamente, aos “leões” tinha calhado o brinde mais cobiçado. Três semanas depois, o sorteio dos quartos-de-final da Liga Europa ditou que o adversário do Sporting será o Atlético de Madrid, e poucos sportinguistas terão evitado um franzir do sobrolho. Teoricamente, ontem, em Nyon, aos “leões” calhou a fava. A equipa “verde e branca” joga no Estádio Metropolitano, em Madrid, a 5 de Abril e, uma semana mais tarde, o “cholismo”, estilo de jogo guerreiro dos “colchoneros”, estará em exibição em Alvalade.

Era a equipa mais indesejada por todos os clubes presentes nos quartos-de-final da Liga Europa e será um complexo quebra-cabeças para Jorge Jesus tentar decifrar. Depois de quatro épocas consecutivas a competir na elite do futebol europeu – nos últimos quatro anos atingiu os “quartos”, as “meias” e duas finais da Liga dos Campeões -, o Atlético de Madrid de Diego Simeone regressa ao ponto de partida. Habitualmente fiável, a equipa madrilena derrapou na fase de grupos da “Champions” desta temporada, ao ceder dois comprometedores empates com o modesto Karabakh. Os deslizes “colchoneros” não foram desperdiçados pelo Chelsea e AS Roma, e, com o 3.º lugar no Grupo C, o Atlético de Madrid viu-se “despromovido” para a Liga Europa, o primeiro troféu conquistado por Simeone no comando dos “rojiblancos”, na já longínqua época de 2011-12.

A vitória europeia, numa final disputada frente ao Athletic Bilbau em Bucareste, foi apenas o primeiro de uma mão cheia de títulos conquistados no clube de Madrid por “el cholo”, nome como é conhecido o argentino. Seguiu-se a Supertaça Europeia (2012), a Taça do Rei (2012-13), a Liga espanhola (2013-14) e a Supertaça de Espanha (2014). Porém, o sucesso desportivo de Simeone não foi aclamado de forma unânime. Alvo de críticas pelo estilo de jogo guerreiro e pouco atractivo, conhecido por “cholismo”, que impôs nos “colchoneros”, o argentino sempre garantiu não perder tempo a pensar nos seus detractores. No final da época passada, Xavi Hernández, entrevistado por Jorge Valdano, disse que “uma equipa grande como o Barcelona ou o Real Madrid não pode jogar como o Atlético de Madrid. Não desfruto vendo uma equipa que se fecha”. Confrontado com as declarações do ex-jogador do Barcelona, Simeone não abdicou de algum sarcasmo - “O futebol permite que todos opinem e todos temos razão” -, mas deixou claro que apenas se preocupa em ganhar: “É para isso que trabalho, não é para agradar a ninguém. Trabalho para o meu clube, para quem me paga.

Todavia, Simeone, que em Setembro renovou até 2020, não teve em 2017-18 um início de época tão ganhador como é habitual. Para além dos resultados negativos na fase de grupos da Liga dos Campeões – uma vitória em seis jogos -, o Atlético somou empates em metade das primeiras 12 jornadas da liga espanhola. Apesar de manter a habitual consistência defensiva (seis golos sofridos), ao fim da primeira dúzia de rondas os “rojiblancos” tinham apenas 16 golos na liga espanhola, menos de metade dos marcados pelo Barcelona (33). A resolução do problema estava, no entanto, dentro de casa. Após quatro meses a treinar sem poder ser utilizado em partidas oficiais, uma vez que o Atlético estava impedido pela FIFA de inscrever jogadores, Diego Costa voltou a vestir a camisola dos “colchoneros” no início de Janeiro. O regresso do avançado hispano-brasileiro ao clube onde já tinha actuado em 2010 e 2014 foi o aditivo que a formação de Simeone necessitava.

Meticuloso tacticamente, o técnico de Buenos Aires raramente prescinde de colocar as suas peças em 4x4x2, mas em Moscovo, na 2.ª mão dos oitavos-de-final, perdeu um dos seus trunfos defensivos: Filipe Luís fracturou o perónio. Sem o brasileiro, Hernández ou Vrsaljko são as opções para o lado esquerdo, enquanto o lado direito é do experiente Juanfran. No centro, estará a dupla “celeste” formada por Giménez e Godín, rivais de Coates na luta por um lugar no “onze” do Uruguai no Mundial 2018.

Fundamentais para o “cholismo”, o experiente Gabi e o ganês Thomas Partey são os médios que dão musculo à equipa e garantem protecção à defesa, libertando os jogadores que ocupam as alas. Aqui, Simeone só tem que escolher entre Koke, Ñíguez e Correa. Finalmente, no ataque, há um nome incontornável: Antoine Griezmann. O francês de origem portuguesa é a grande estrela da equipa, mas, até Janeiro, Gameiro e Fernando Torres não foram parceiros à sua altura. A chegada de Diego Costa, resolveu o problema: nos últimos cinco jogos, o Atlético marcou 15 golos.

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