Google proíbe anúncios a criptomoedas

O Facebook fez o mesmo em Janeiro. O objectivo é erradicar a publicidade a “produtos financeiros sem regulação, ou especulativos."

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As burlas com bitcoin são um fenómeno comum a várias redes sociais Reuters/Dado Ruvic

O Google junta-se ao Facebook a proibir publicidade a criptomoedas nas suas plataformas. A partir de Junho qualquer anúncio que inclua divisas digitais deixa de ter lugar no motor de busca, no Youtube e nos outros serviços da empresa, e em todos os sites de terceiros que usem a plataforma de anúncios do Google.

A mudança faz parte da actualização da política de publicidade da empresa, divulgada esta quarta-feira, que visa erradicar a publicidade a “produtos financeiros sem regulação, ou especulativos." A proibição, que entrará em vigor em Junho, inclui “serviços de aconselhamento sobre transacções com criptomoedas”, carteiras digitais, e operações de ICO (sigla inglesa para Initial Coin Offerings), que servem para angariar financiamento com a criação de novas moedas digitais.

“Melhorar a experiência com publicidade na Internet, seja ao remover anúncios prejudiciais ou intrusivos, vai continuar a ser uma prioridade”, diz em comunicado Scott Spencer, o director de publicidade sustentável do Google. Em 2017, foram eliminados mais de 3,2 mil milhões de “anúncios prejudiciais” (o dobro do valor de 2016). Segundo a empresa, é o equivalente a 100 anúncios problemáticos por segundo.

Em Janeiro, o Facebook já tinha abolido todo o tipo de publicidade sobre este tipo de divisas na rede social, porque estava “frequentemente associada a promoções desleais ou enganosas”. Juntos, o Facebook e o Google têm a maioria da receita de publicidade online.

As burlas com criptomoedas aumentaram nos tempos recentes. Foi o aumento do preço da bitcoin no final de 2017 para valores superiores a 19 mil dólares que desencadeou a proliferação de anúncios sobre criptomoedas. Com a promoção da ideia de que se poder enriquecer facilmente ao investir na bitcoin e semelhantes, várias pessoas têm-se deixado enganar por burlas nas redes sociais.  

"Use a sua reforma para comprar bitcoin!", era uma sugestão popular no Facebook. Já no Twitter, continuam a encontrar-se várias contas falsas de celebridades a promover investimentos ou a pedir donativos em criptomoedas. Entre os casos recentes, estava um falso Elon Musk que prometia doar cerca de 1,9 milhões de euros na moeda virtual ether. 

A preocupação com o interesse gerado por estas moedas não se limita às redes sociais. Esta terça-feira, a directora geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, falou sobre o "lado negro" das criptomoedas e defendeu que é preciso regulação para combater uma tecnologia que pode ser facilmente utilizada para financiar actividades terroristas e esquemas de lavagem de dinheiro. Vários bancos centrais e instituições bancárias têm alertado para estes mesmos problemas. Em Dezembro, quando o valor da bitcoin rondava os 19 mil dólares, os Estados-membros da União Europeia concordaram em introduzir regras mais rígidas para prevenir o financiamento de actividades ilegais com criptomoedas. Uma das medidas propostas é eliminar a possibilidade de anonimato ao utilizar estas divisas.

Nos últimos meses, porém, o interesse na criptomoeda mais popular, a bitcoin, tem seguido uma trajectória de queda. Desde Dezembro, o valor já desceu mais de 10 mil dólares. Às 13h30 de quarta-feira, depois da decisão do Google, o valor rondava os 8730 dólares de acordo com o site CoinMarketCap.

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