Rio propõe debate urgente no Parlamento sobre “má gestão” na saúde

Líder do PSD esteve reunido esta quarta-feira com o bastonário da Ordem dos Médicos. Aos jornalistas, disse que o “Ministério da Saúde não tem estado capaz de gerir os meios que tem à sua disposição”.

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Rui Rio bem disposto na reunião sobre saúde LUSA/JOSÉ COELHO
Rui Rio esteve reunido durante quase duas horas com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães
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Rui Rio esteve reunido durante quase duas horas com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães LUSA/JOSÉ COELHO
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Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos LUSA/JOSÉ COELHO
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À saída, líder do PSD recusou comentar caso Feliciano Barreiras Duarte LUSA/JOSÉ COELHO

Um dia depois de o grupo parlamentar do PSD ter dirigido uma pergunta ao Governo através do ministro das Finanças sobre a criação de uma “Estrutura de Missão para a Monitorização do Programa Orçamental da Saúde”, Rui Rio veio defender a realização de um debate com carácter de urgência no Parlamento sobre o estado da saúde, apontando falhas à “gestão deficiente” do ministério tutelado por Adalberto Campos Fernandes.

No final de um encontro com o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, que decorreu no Porto, o líder social-democrata declarou esta quarta-feira que o partido está preocupado com a “gestão deficiente” do Ministério da Saúde - que é responsável pela dívida no sector que atinge os 2 mil milhões de euros, segundo dados do Portal da Saúde, citados pelo PSD –, sobretudo com a falta de médicos e com as listas de espera.

"Há notoriamente uma gestão muito deficiente na saúde, que precisa de mais recursos, é certo, mas acima de tudo [precisa] de uma melhor gestão. É claro que o Ministério da Saúde não tem estado capaz de gerir os meios que tem à sua disposição e, portanto, a produtividade é muito baixa em prejuízo das populações, e isso justifica que se faça no Parlamento um debate a sério sobre a saúde em Portugal", disse Rio.

Segundo o ex-presidente da Câmara do Porto "há uma falha clara do Governo ao nível da gestão" da saúde e "há aspectos de ordem estrutural [no sector] que nenhum governo consegue mudar no espaço de um ano, dois ou três".

"Nós não vamos fazer demagogia (...), mas devemos exigir ao Governo que dê aquelas condições que o país está capaz de dar. A degradação dos serviços está aquém daquilo que, apesar de tudo, Portugal tem capacidade para dar aos cidadãos. É aqui que nós devemos sensibilizar o Ministério da Saúde porque me parece claro que há um défice enorme de gestão", diagnosticou o líder social-democrata.

Recusando-se a fazer declarações sobre a polémica em que está enredado o secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, que levou a Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito às dúvidas sobre o seu currículo académico (entretanto corrigido pelo próprio), Rio acredita que pode haver uma optimização dos recursos colocados à disposição do Ministério da Saúde. "Quando o défice é de gestão não tem a ver com mais recursos, tem a ver com a optimização dos recursos", observou.

Na reunião, que se prolongou por duas horas, participaram o vice-presidente do PSD Salvador Malheiro, o deputado Adão Silva, que integra as comissões parlamentares de Negócios Estrangeiros e de Trabalho e Segurança Social, e Maló de Abreu, vogal da comissão política nacional.

Por seu lado, o bastonário da OM disse que a possibilidade de haver situações de má gestão no Serviço Nacional de Saúde, como referiu Mário Centeno, "é um motivo de preocupação" e deve ser "mais um grande motivo de reflexão" para o ministro da Saúde.

"As declarações do ministro das Finanças deviam deixar mais preocupado o ministro da Saúde, porque Mário Centeno lá terá as suas razões para dizer que a gestão das unidades de saúde ou dos hospitais (...) não está a ser bem feita", declarou Miguel Guimarães aos jornalistas, no Porto, após a reunião com Rui Rio.

O ministro das Finanças admitiu esta quarta-feira, no Parlamento, a existência de “situações de má gestão no Serviço Nacional de Saúde” e que, nesse caso, têm de ser avaliadas, adiantando que foi criada uma unidade de missão para avaliar a dívida na Saúde.

"Pode seguramente haver má gestão, na verdade, e temos de olhar para ela", disse Mário Centeno, na comissão parlamentar de Trabalho.

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