As homenagens ao cientista que “abriu um universo de possibilidades”

O físico britânico Stephen Hawking morreu aos 76 anos. As homenagens que estão a ser feitas um pouco por todo o mundo elogiam-lhe tanto o percurso académico como a sua personalidade.

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Stephen Hawking tinha 76 anos Reuters/Neil Hall

Entristecida a manhã desta quarta-feira com a notícia da morte de Stephen Hawking, as reacções de luto e de homenagem à sua vida (tanto pessoal como profissional) não tardaram. Em homenagem ao cientista, os canais National Geographic e Fox Movies terão uma emissão especial: nesta quarta-feira, no sábado e no domingo, serão transmitidos documentários e filmes sobre Stephen Hawking. O filme A Teoria de Tudo será exibido na Fox Movies na quarta e no sábado; já a National Geographic transmitirá dois documentários na noite de quarta-feira e três durante a tarde de domingo, alguns deles da série Genius by Stephen Hawking.

“A sua morte deixa um vácuo intelectual. Mas não está vazio. Pense-se nisso como uma espécie de energia em vácuo que permeia o tecido do espaço e do tempo”, escreveu o físico Neil deGrasse Tyson no Twitter, partilhando uma fotografia com Stephen Hawking.

A NASA partilhou um vídeo do físico, considerando-o um “embaixador da ciência”. “As suas teorias abriram um universo de possibilidades que nós e o mundo estamos a explorar. Que continues a voar como o Super Homem em microgravidade, como disseste aos astronautas da Estação Espacial Internacional em 2014”.

“Que triunfo foi a sua vida”, disse o astrónomo britânico Martin Rees, citado pelo New York Times. “O seu nome viverá nos anais da ciência; os horizontes de milhões de pessoas foram alargados pelos seus livros de sucesso; e, mais do que isso, inspirou pessoas por todo o mundo com o seu exemplo único de superação contra todas as probabilidades”, acrescentou. “Desde Albert Einstein que nenhum outro cientista cativou a imaginação pública e encantou dezenas de milhões de pessoas por todo o mundo”, disse ao New York Times o professor de Física Michio Kaku.

O actor Eddie Redmayne, que protagonizou A Teoria de Tudo, onde dá vida ao cientista britânico, reagiu à morte de Hawking, que considerou ser “o homem mais engraçado que já conheceu”. “Perdemos uma mente verdadeiramente magnífica”, disse, manifestando o seu apoio à família do cientista.

“Stephen Hawking foi uma mente brilhante e extraordinária, um dos grandes cientistas da sua geração. A sua coragem, humor, e determinação em tirar maior partido da sua vida são uma inspiração. O seu legado não será esquecido”, disse a primeira-ministra britânica, Theresa May. “Perdemos uma mente gigante e uma essência maravilhosa”, disse o cientista britânico que criou a Web, Tim Berners-Lee.

A Universidade de Cambridge também presto homenagem ao físico, citando uma das suas célebres frases em jeito de mantra: “Olhem para as estrelas e não para os vossos pés.”

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, lamentou a morte do físico, considerando que deixa um legado de persistência de vida e um valioso conhecimento do Universo. "Ele questionou-se inclusive a ele próprio. Por exemplo: quando há uns anos, em 2010, veio repor toda a sua teoria sobre o universo e os buracos negros mostrou que faz parte de fazer ciência estar sempre a questionar e a fazer novas perguntas. Hoje estar no mundo é saber fazer as perguntas mais difíceis mesmo que não tenhamos respostas imediatas para elas e por isso é um exemplo para todos, certamente para os mais jovens e é uma lição de vida que vale a pena viver e vale a pena ter boas ideias", disse o ministro à Lusa.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, partilhou uma citação do físico britânico, em sua memória: “O importante é não desistir”.

O físico português Carlos Fiolhais lamentou a morte de Hawking, dizendo que se trata de um dos grandes cientistas do "nosso tempo, que ousou enfrentar grandes mistérios e que deixa pistas para o futuro". "É uma figura de referência para todos nós. É um exemplo de alguém que consegue exercer a capacidade do seu cérebro apesar de todas as limitações do seu corpo (...) É alguém que ousou enfrentar grandes mistérios, como o início do Mundo, o Big Bang e os buracos negros", disse à agência Lusa o professor da Universidade de Coimbra, Carlos Fiolhais. "O fundamental em nós está no cérebro", concluiu.

A forma como o cientista Stephen Hawking assumiu a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi "uma inspiração" para os doentes e ajudou a dar notoriedade à doença, segundo a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA). "Stephen Hawking foi e será sempre um caso muito peculiar da ELA, doença que tem uma esperança de vida de dois a cinco anos e ele viveu mais", disse à agência Lusa Filomena Borges, da APELA, acrescentando que o astrofísico "desafiou as probabilidades" ao sobreviver muito mais do que os médicos previam. "É de facto muito inspirador como conseguiu seguir a sua vida com as especificidades que a patologia comporta: perda total da fala, incapacidade física total. Ainda assim tentou manter a sua rotina, com a ajuda das tecnologias de apoio à comunicação", acrescentou.

Também Macaulay Culkin‏, actor de Sozinho em Casa, partilhou uma mensagem em que dizia que Hawking era não só um génio como a sua personagem preferida de Os Simpsons. “Vamos ter saudades tuas, amigo”, escreveu no Twitter. A cantora Katy Perry partilhou uma mensagem de condolências no Twitter em que diz existir agora “um grande buraco negro nos nossos corações”.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, partilhou também as suas condolências, referindo que o físico britânico tem sido uma inspiração para pessoas de todo o mundo. “O trabalho pioneiro do professor Hawking fez do mundo um lugar melhor”.

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