PS continua "encostado à direita" nas questões laborais, diz Jerónimo

Líder comunista diz que Costa tem usado "sistematicamente a palavra convergência" sobre Rui Rio e a discussão sobre matérias laborais desta quarta-feira vai definir de que lado do muro o PS quer estar.

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Miguel Manso

Jerónimo de Sousa quer que o PS se decida de que lado está – se do lado do PCP e dos trabalhadores ou se quer continuar “encostado à direita”, acompanhando o PSD e o CDS e chumbando as propostas sobre o fim da caducidade da contratação colectiva e da recuperação do tratamento mais favorável ao trabalhador. “Em cima do muro” é que os socialistas não podem continuar, avisa o líder do PCP.

O secretário-geral comunista admite que os partidos à esquerda do PS poderão sair desanimados do debate potestativo desta quarta-feira que o PCP marcou sobre matérias laborais. “Algumas declarações não são de modo a sossegar-nos por parte do Governo que ou se cala ou quando fala, enfim… não tranquiliza os trabalhadores”, disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas no Parlamento depois de uma reunião com a Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas) que serviu para preparar o debate de amanhã. Em cima da mesa estarão onze projectos de lei do PCP, Bloco, PEV e PAN para repor direitos laborais que vão desde o fim da caducidade da contratação colectiva à extinção do regime de adaptabilidade e dos bancos de horas individual e grupal à fixação das 35 horas de trabalho semanais, passando pelo cumprimento efectivo dos horários de trabalho.

“Por isso dizemos que não é tempo de lavar as mãos como Pilatos; tem que haver responsabilização, opção por um lado ou por outro para clarificar e tirar daí as consequências políticas, naturalmente”, acrescentou o líder comunista.

Não que este aviso de que se devem tirar consequências políticas seja uma ameaça de que o PCP vai retirar apoio aos socialistas, diz Jerónimo de Sousa. “O PS, no meio das suas contradições, tem dado uma contribuição e acompanhado o PCP para que haja avanços, reposição e conquista de direitos, mas em matérias de fundo encosta à direita”, aponta o secretário-geral comunista. “Isto não pode ser silenciado. Não estamos aqui a fazer nenhuma ameaça; estamos a constatar uma realidade. Não estamos a falar de uma lei qualquer, mas sim de uma lei que determina muito da vida de milhões de portugueses.”

E essa tendência de o PS encostar à direita é mais notória com a nova direcção do PSD? “Eu não quero fazer palpites nem quero fazer análises precipitadas mas que se nota o uso sistemático da palavra convergência… isso é um facto. Agora, convergência onde? Vamos ver se não é amanhã uma delas…”, afirma Jerónimo de Sousa tendo em mente as aproximações recentes entre António Costa e Rui Rio.

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